Vinícius de Moraes escreveu que a mulher foi feita para amar e perdoar.
Vinícius era um sujeito de seu tempo. Hoje não diria isso porque seria fatalmente apedrejado e esquartejado. Aquela mulher não existe mais e nem aquele homem (aliás, o poeta foi poupado de ver o que virou o Brasil).
Letícia Weber, a esposa à moda antiga de Aécio Neves, é responsável por conferir um traço de humanidade ao marido.
Numa sequencia de mensagens de WhatsApp, captada pelo fotógrafo Lula Marques, ela lhe deseja serenidade e boa sorte antes do discurso na volta patética ao Senado.
Aécio é o canalha que ajudou a atirar nossa democracia no pântano da instabilidade e da insegurança jurídica.
Um moralista sem moral que não aceitou a derrota nas urnas e instou milhares de analfabetos políticos corruptos a ir para as ruas latir contra a corrupção.
Um jagunço que mandou o primo — “um que a gente mata antes dele delatar” — buscar uma mala de dinheiro com um empresário ladrão.
Um coronel de perfume caro e banhado em Ipanema, cuja irmã, seu braço direito, calou jornalistas ao longo do reinado em Minas Gerais.
No entanto, Letícia o ama. Viu o desespero do marido, que passava noites em claro tomado uísque, chorando e sonhando com a prisão.
Ela poderia picar a mula diante da roubada em que se meteu. Ela e Marcela Temer, juntas num road movie nacional vagabundo, nossa versão meia boca de Thelma e Louise.
Casou com um presidenciável que hoje é um pária golpista com percentual negativo de intenção de voto.
Preferiu ficar ao lado de Aécio, enviando-lhe palavras de força e consolo em sua missão vergonhosa no Congresso.
Letícia é a parte boa de Aécio Neves. Quando ela se mandar, não restará nada.