Só a Globo para festejar um prêmio ganho pelo vazamento do grampo ilegal de Lula e Dilma. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 22 de junho de 2017 às 9:07
Prêmio por uma ilegalidade

Um dos donos da Globo, Roberto Irineu Marinho, fez um discurso sonolento na tarde de segunda, 19, inaugurando o novo cenário do Jornal Nacional.

A alturas tantas, diz ele que “o nosso compromisso com a verdade, com a ‘sua excelência, o fato’, como diria Ulysses Guimarães, nos torna um porto seguro da informação e um dos alicerces da vida democrática. Dá para imaginar o que seria se não existíssemos junto com outros respeitados baluartes do bom jornalismo no Brasil?”.

Dá para imaginar e não é o mesmo que a família quer: uma democracia sem um monopólio mastodôntico na indústria de mídia, apurando fatos para depois distorcê-los, perpetuando-se às custas de dinheiro público.

É sintomático que, no dia seguinte, William Bonner, naquela bancada, festejasse com um sorriso malandro um prêmio que a empresa ganhou por reportar uma ilegalidade.

A GloboNews venceu um certo Golden Nymph Awards num festival de TV de Montecarlo na categoria “furo de reportagem em coberturas ao vivo”.

O troféu foi pela divulgação do grampo de Lula e Dilma, vazado pela turma da Lava Jato em março de 2016.

Em junho daquele ano, o falecido Teori Zavascki decidiu que a gravação que embasou a decisão de Gilmar Mendes de suspender a nomeação de Lula como ministro-chefe da Casa Civil fora colhida “sem abrigo judicial” e deveria ser anulada.

É uma vergonha pela qual a Globo deveria pedir desculpas e não se orgulhar. Quem sabe daqui a 50 anos, juntamente com um mea culpa por ter dado o golpe com Michel Temer.

O único merecedor dessa premiação é o juiz Sergio Moro. Os jornalistas só terminaram o serviço sujo.