A supremacia branca de Temer está sendo construída na calada da noite. Por Carlos Fernandes

Atualizado em 21 de agosto de 2017 às 12:30

 

O mundo se depara mais uma vez com a vergonha do nazismo. Expressa na escalada insana do ódio, a ideologia fascista ganha espaço cada vez maior em extratos sociais bem definidos. São brancos, héteros, cristãos e geralmente abastados.

Nos Estados Unidos, onde a segregação racial nunca foi exatamente um problema resolvido, confrontos entre grupos neonazistas e antirracistas se tornam cada vez mais frequentes.

Para um povo onde apenas 26% de sua população acredita que a bíblia foi escrita por humanos, por mais estúpido que possa ser, não chega a surpreender que lunáticos venham também a acreditar que possuem direitos divinos apenas por serem brancos.

A bíblia, convenhamos, está entre os grandes livros a defender, justificar e regulamentar a escravidão. Livros como o Gênesis e o Êxodo estão repletos de passagens que indicam como deve se dar o tratamento aos escravos ou mesmo quanto eles devem valer monetariamente.

É claro que a religião, sozinha, não explica a nova ascensão do nazismo. Diversos outros fatores sociais como o aprofundamento da divisão de classes e a falta de acesso à educação contribuem sobremaneira para que extremistas sintam-se à vontade para disseminar discursos de “higienização” da sociedade. (Tudo bem, Dória?)

O Brasil, que em matéria de racismo e discriminação não deixa a dever pra ninguém, cuida por aprofundar suas diferenças através de uma política de Estado que, na sua essência, de pouco a nada difere do que pregam os supremacistas brancos, nazistas mesmo.

A cada encontro às escondidas que Michel Temer promove com criminosos em pleno Palácio do Jaburu, um direito constitucional brasileiro é atacado. Entre confabulações tratadas na calada da noite, décadas de avanços sociais são perdidos.

Em pouco mais de um ano, Temer fez mais pela supremacia branca brasileira do que qualquer fascista vestido de verde e amarelo poderia imaginar.

O sucateamento das universidades públicas, o desmantelamento das políticas de cotas, o desemprego, a desvalorização do salário-mínimo, o fim dos investimentos em segurança, saúde, educação, ciência e tecnologia e o maior recuo já visto nos programas Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida estão promovendo uma verdadeira colonização de guetos sociais em todo o país.

Ao governar exclusivamente para rentistas, Temer escraviza toda uma nação que se vê completamente desprovida da ação do Estado ao mesmo tempo que é sacrificada na cobrança de impostos cada vez mais altos.

Negros, pobres, homossexuais e minorias em geral estão sendo particularmente massacradas.

Sem a utilização de uma única arma, Michel e sua gangue executam a mesma política de “sincronização” que Adolf Hitler utilizou-se para governar. Ao aparelhar o Estado, criminalizar trabalhadores e centrais sindicais, retirar direitos e perseguir adversários, a ditadura de Temer ganha contornos puramente intolerantes.

No desserviço que está sendo prestado à política e à democracia, não é por acaso que figuras intimamente ligadas a posições neofascistas como Jair Bolsonaro ascendem justamente entre aqueles que negam a igualdade de direitos e a socialização das riquezas dessa nação.

Vivemos tempos difíceis. A história parece não ter nos ensinado o suficiente para evitarmos outra vergonha humana como o regime nazista. Pelo silêncio das pessoas daquela época, a monstruosidade de ideologias insanas varreu o mundo de uma maneira que jamais deveríamos nos esquecer.

Pelo silêncio das pessoas de nossa época, estamos mais uma vez caminhando em direção ao abismo. É inadmissível que esse país ainda tolere a presença de Michel Temer e seus asseclas à frente dos destinos desta nação.

Ou nos levantamos contra o fascismo de nossa era, ou podemos já começar a pensar em novos campos de concentração.