The Baseballs e a essência da arte

Atualizado em 21 de novembro de 2012 às 20:34

O charme atemporal da banda alemã que dá uma roupagem de Elvis a hits modernos

A banda alemã forja um bom rock dos anos 50… com músicas dos anos 2000

Eu escrevi outro dia sobre Love Me Do, a música dos Beatles que completou 50 anos recentemente. Numa conversa posterior realizada na seção dos comentários, mencionei a banda alemã “The Baseballs”. Eles pegam grandes hits contemporâneos e transformam em roquinhos dançantes a là Buddy Holly.

A banda é formada por três bons cantores, Sam, Digger e Basti, que dividem os vocais e fazem coros precisos. No palco, eles soam, se comportam e se vestem como personagens dos anos 50 ou 60.

Há algo interessante que pode ser observado ao ouvir The Baseballs: boa música é universal e atemporal. O hit “Umbrella”, da Rihanna, se tivesse sido criado e lançado em 1956 pelo Elvis Presley teria sido legal. (Você pode conferir isso no vídeo colocado no pé deste texto.) Isto quer dizer, nós tendemos a achar que a música mudou, mas ela é praticamente igual à música que nossos pais ouviam.

O que mudou foi a forma, não a essência. Nós basicamente falamos das mesmas coisas que falávamos há 60 anos.

Penso, então, no aspecto tecnológico, que sempre foi importante nesta história (sim, sempre foi). A música sempre foi determinada pelos instrumentos musicais disponíveis. No começo da era humana, imagino que música era batucada e canto – eram estes os instrumentos.

Pulando alguns milênios, as popularizações da comunicação em massa e da guitarra deram-se muito próximas, de forma que, claro, a música daquele momento tinha que ser o rock. Ali pelos anos 80, os sequenciadores, e assim por diante.

Até chegarmos a Jay-Z e Rihanna, e a música praticamente inteira arranjada dentro do computador.

Eu gosto de fazer um paralelo com artes plásticas quando falo em música. Pensar em quadros é mais fácil, porque a gente consegue criar uma imagem – o que não acontece com o som.

Imagine, então, que Van Gogh, com aquele seu traço característico, tivesse nascido hoje. Será que sua arte seria o grafite? Será que ele seria um designer? Será que ele faria as capas da revista Time, o desenho dos produtos da Apple? Ou quadros mesmo?

É muito difícil imaginar, e eu não tenho nenhuma idéia. Mas disso eu tenho certeza: o que quer que ele estivesse fazendo, seria em alto nível artístico.

E o The Baseballs é a prova.

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Emir Ruivo é músico e produtor formado em Projeto Para Indústria Fonográfica na Point Blank London. Produziu algumas dezenas de álbuns e algumas centenas de singles. Com sua banda, Aurélios, possui dois álbuns lançados pela gravadora Atração. Seu último trabalho pode ser visto no seguinte endereço: http://www.youtube.com/watch?v=dFjmeJKiaWQ