Thor Batista perdeu o sono, mas não foi pelo ciclista atropelado

Atualizado em 2 de junho de 2015 às 19:20
Thor
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Thor Batista revelou em entrevista à revista GQ a fase difícil pela qual passou, quando teve pensamentos suicidas e usou antidepressivos. O leitor afobado poderia considerar a morte do ciclista Wanderson Pereira dos Santos o motivo da angústia do herdeiro de Eike Batista.

Só que não. A pressão que caiu sobre os deltoides do rapaz de 23 anos e 100 quilos foi a bancarrota das ações da empresa do seu pai.

“Eu lembro do dia em que uma analista do Itaú soltou um relatório sobre os números de produtividade da OGX. Li aquilo e liguei pro meu pai, que estava em Minas. Falei: “Pai, amanhã vai ser um ‘barata voa’” – essa é uma expressão que nós usamos para descrever movimentação atípica de uma ação. Com o relatório do Itaú dando previsões pessimistas para a OGX, eu imaginava que as ações iriam cair muito. E não foi por menos. No dia seguinte a gente acordou com a OGX caindo 40% “, diz Thor.

“Foi literalmente o pior ano da minha vida. Antidepressivo, remédio pra dormir, tarja preta…” O ano da crise foi 2013. O acidente foi em março do ano anterior.

Em março de 2013, Wanderson, 30 anos, saiu de casa no início da noite para comprar ingredientes do bolo de aniversário da esposa. Ao passar pelo km 101 da rodovia Rio-Juiz de Fora, na região de Duque de Caxias, foi atingido pela Mercedes SLR McLaren de Thor. Ele estaria em alta velocidade.

No dia seguinte ao acidente, Eike foi ao Twitter e defendeu o filho à maneira de quem só enxerga o próprio umbigo: culpando a vítima. “Foi ele que fez, a imprudência do ciclista poderia ter causado três mortes”, escreveu.

O filho do então bilionário chegou a ser condenado criminalmente pelo acidente, mas a defesa recorreu e conseguiu a absolvição em fevereiro deste ano.

Agora ele dá entrevista falando de planos para o futuro e de veleidades como ganho massa muscular. A revista, claro, nem tocou no assunto do acidente.

Thor diz que vai investir em uma bebida energética para concorrer com o Red Bull. “O bom da minha fórmula é que ela dispensaria o uso do álcool e não teria todos os malefícios que outros produtos trazem, além da impossibilidade de dirigir. Você pode tomar e dirigir. Essa minha receita promove energia física e mental, euforia e o mais interessante: intensifica o orgasmo. O efeito dura cinco horas, é bem bacana. Meu pai já experimentou”.

Em um ato falho, ele se lembra dos perigos do trânsito mas se esquece do rapaz atropelado. O recado ali é óbvio. No mundinho paralelo dos bilionários falidos, atropelar e matar um trabalhador negro e pobre não é razão grave o suficiente para perder o sono.