Tirar Aécio da noite e da companhia de investigados é pior, para ele, do que a prisão perpétua. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 26 de setembro de 2017 às 22:33
Nos bons tempos

Não sejamos punitivistas. Aécio não precisa ir para detrás das grades para cair em desgraça. O destino do tucano auferido pelo Supremo é pior do que a cana dura.

Aécio Neves foi humilhado. Estava começando a sair da sombra. João Doria declarou ainda ontem que se trata de “uma figura que tenho o maior respeito”.

Por 3 votos a 2, o STF determinou seu afastamento do mandato, pediu que entregue o passaporte e o proibiu de sair de casa à noite. 

Ele também não pode manter contato com outros investigados. Só faltou a tornozeleira eletrônica. 

Votaram para afastá-lo os ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Luiz Fux.

Perderam Alexandre de Moraes e Marco Aurélio Mello — que repetiu, inacreditavelmente, a cantilena de que o Mineirinho é “brasileiro nato, chefe de família e possui carreira política elogiável”.

Fux aproveitou a deixa e lembrou que a atitude mais elogiosa a ser tomada por Aécio, desde o início, seria se licenciar para provar sua inocência.

“Já que ele não teve esse gesto de grandeza, nós vamos auxiliá-lo, para que ele possa comprovar à sociedade a sua ausência de culpa”, falou, com um toque de sadismo e tom justiceiro próprios dos nossos tempos.

O sujeito que não aceitou o resultado das urnas em 2014 e foi instrumental para atirar o Brasil no atual abismo é um cadáver político, campeão de rejeição, que não se elegerá para síndico em 2018.

Arrasta consigo o PSDB para o fundo do buraco. A grande esperança branca é o prefeito de São Paulo, com rejeição crescente nas pesquisas.

Aécio já vive prisioneiro de sua canalhice. Não pode sair na rua. Luciano Huck não telefonará. O futuro não é mais como era antigamente.

A única saída é abrir uma filial do Cervantes em casa e ficar feliz por saber que escapou do bafômetro.