Um jogo do Brasil

Atualizado em 7 de julho de 2014 às 10:24

22copa
Acontece que estou aqui nessa terra distante, longe da terra onde nasci e cresci. Uma terra onde o futebol é um esporte secundário. Mas é época de Copa do Mundo. Penso eu: nós somos os melhores do mundo no esporte mais popular do mundo, e o maior evento esportivo do mundo, celebrando o esporte mais popular do mundo, está acontecendo na terra dos melhores do mundo. A nossa terra. Oras, como não ficar empolgado? E tem mais, na minha cabeça, aquelas cinco estrelas acima do brasão na camisa da nossa seleção são uma das coisas mais bonitas que temos. Motivo de orgulho sim, por que não?

O jogo acabou, o Brasil segue em frente. Eu fico sentado, aliviado, pensando nas alegrias futuras. Estou aqui no restaurante brasileiro dessa bela e pacata Santa Barbara (Califórnia), e tenho que dizer: como é gostoso ver brasileiros fazendo festa! Não sei porque mas uma saudade me aparece como aquele amigo distante que chega de repente na nossa festa, e que depois de uma conversa revirando nossas mais remotas lembranças, nos deixa tão felizes, tão felizes. Sim, saudade também pode por um sorriso no rosto e trazer felicidade.

Olho ao redor: todos estão radiantes. Todos. É hora de celebração, de sentir aquela felicidade primitiva, imaculada, que raramente sentimos por sermos brasileiros. Essa festa, feita aqui em terras distantes, é aquela alegria quase esquecida de ser brasileiro, de ser brasileiro na raiz, e a vontade é tanta que a gente fica quase estereotipado: samba, cerveja, festa, dança.

Admito que sou um brasileiro vivendo longe do Brasil por muito tempo. Mas no fim das contas, eu percebi, esse fato tornou-se até uma vantagem para mim: eu não sou corrompido pelo bombardeio diário da mídia brasileira.

O que me restou, depois desses anos todos distante, foi apenas ser brasileiro. Brasileiro.