Um mundo sem Eduardo Cunha é possível?

Atualizado em 5 de maio de 2015 às 22:20
Ele
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Como disse Arnold Schwarzenegger no filme “O Predador”: “Se ele pode sangrar, ele pode ser morto.”

Eu sou um otimista e gosto de pensar num mundo sem Eduardo Cunha. Não mais dia do orgulho hétero. Não mais votação de aborto só sobre seu cadáver. Acabou a terceirização para ontem. Etc etc.

Escreveu Rodrigo Janot que “Alberto Youssef reiterou, e com razoável detalhamento, que Eduardo Cunha era beneficiário dos recursos e que participou de procedimentos como forma de pressionar o restabelecimento do repasse dos valores (…)”

A decisão sobre o pedido, sem data para acontecer, caberá ao plenário do Supremo Tribunal Federal. Como presidente da Câmara, Eduardo Cunha só poderá ser julgado pelo conjunto dos integrantes da Corte.

Leio sobre Cunha e me lembro da história do mentiroso compulsivo que ao pousar a cabeça no travesseiro de noite conta as inverdades que disse no dia e se pergunta: “Não terei mentido pouco? Vou acordar mais cedo para mentir mais e melhor amanhã. Aleluia.”

Para quem tem a memória curta, Cunha foi aquele que se ofereceu para desmentir entre os evangélicos, em 2010, um tal boato de que Dilma aprovaria casamento gay e aborto se ganhasse. Boato que ninguém… ninguém imagina quem poderia ter plantado, não é?

Com ele é assim: se os fatos o desmentem, pior para os fatos. Ele vai à CPI da Petrobras distribuir sorrisos e dizer que nada tem a ver com propinas investigadas pela Lava Jato.

Eis que, há semana passada, sua assinatura digital aparece nos registros eletrônicos de dois requerimentos sob investigação.

Pior para os fatos.

Sua primeira providência foi demitir o chefe da informática da Câmara dos Deputados, funcionário concursado e com 25 anos de casa. Não se sabe se o tal funcionário foi demitido por vazar as informações. Ou se foi demitido exatamente porque não evitou que tal vazamento ocorresse.

Nunca se saberá. Porque Cunha deu esta justificativa: “Demiti porque a área de TI não está cumprindo a carga horária de toda a Casa, de 40 horas semanais. Ele quebrou minha confiança”.

Mas o pior foi na última sexta-feira. Cunha negou que tenha feito troça com aliados durante um jantar recente com 45 deputados do PMDB. O Globo deu que ele disse: “O PT não ganha uma votação. Só quando a gente fica com pena na última hora.”

Negou de pés juntos e mãos postas.

Escreveu Cunha: “Boa noite a todos. Na correria de hoje esqueci de passar por aqui para desmentir a frase a mim atribuída no jornal O Globo sobre o PT”

Deve ter sido com delícia que os jornalistas esperaram duas horas para colocar no ar os áudios que corroboravam a matéria.

Aí, claro, Cunha teve que mentir mais. Falou, sim, mas não lembrava. Ou talvez não tenha falado.

Escreveu no Twitter: “Realmente não fiz discurso e fiz várias pequenas intervenções. Se me enganei e falei algo que não me lembrava e possa ter sido agressivo ao Pt, peço desculpas, nao era a intenção.

Há uma deputada, de nome Renata Abreu (PTN-SP), que está em seu primeiro mandato e abriu um blog em que descreve, da melhor maneira que pode (paciência), a vida de um novato na Câmara.

Renata que é, na melhor das hipóteses, uma pessoa esforçada, parece fã de Cunha, que costuma lhe dar conversa.

A singela Renata escreveu: “O Eduardo Cunha, presidente da Câmara, é meio terroristinha. Ele coloca pra votar e, um minuto depois, já começa a anunciar no microfone ‘vou encerrar a votação, vou encerrar a votação’. E ele faz de propósito, sabe, só pra ver a galera correr, se matando, brigando. Ele fala ‘vou encerrar votação’ e dá uma risadinha de lado.”

Eduardo Cunha vive mesmo rindo. E ele está rindo de alguém. Olha no espelho que você vai ver de quem.