Uma compilação de fatos sobre o caso Dilma-Lula-Moro. Por Filipe Galvon

Atualizado em 18 de março de 2016 às 17:21

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O texto abaixo foi escrito por Filipe Galvon, documentarista e escritor brasileiro radicado na França. Seus trabalhos, todos gratuitos e disponíveis online, estão disponíveis em http://vimeo.com/filipegalvon. Seu livro de poesia, Animau, está disponível no site da editora 7Letras.

O Juiz Federal Sérgio Moro grampeou o telefone da Presidência da República. Na íntegra do áudio, é possível ouvir os toques nos primeiros segundos da gravação e a secretária do Palácio do Planalto dando início à conversa.

A conversa entre Lula e Dilma é vaga e informal. No trecho divulgado com destaque pela imprensa, a Presidenta diz que envia a Lula, para uso em caso de necessidade (em nota oficial, o gabinete da Presidência informa que o objetivo foi colher a assinatura de Lula, já que ele deveria retornar a São Paulo por razões familiares), o termo de posse.

O termo de posse que Dilma enviou a Lula não estava assinado por ela. Portanto, não tinha efeito legal para proteger Lula de uma eventual prisão pelo foro privilegiado.

O foro privilegiado de um ministro o faz responder diretamente ao Supremo Tribunal Federal. Como ministro, Lula não teria direito a recorrer a instâncias superiores, justamente porque não existem instâncias superiores ao STF.

O STF não tem histórico de benevolência com o partido de Lula. A Corte julgou o processo do chamado Mensalão e condenou José Dirceu, segunda maior liderança do PT depois de Lula.

Lula, tomando posse como ministro, tem menos direito a recorrer do julgamento. Isto significa, portanto, que tecnicamente Lula ministro corre mais risco sendo julgado pelo STF do que sendo julgado por Sérgio Moro.

Sérgio Moro, tecnicamente, deveria ter juntado o grampo aos autos da Lava Jato e a enviado ao STF – mas enviou-a à imprensa no mesmo dia da gravação. Antes da posse de Lula, trechos selecionados da conversa com a presidente foram publicados pelos veículos das Organizações Globo.

O Globo apoiou o golpe militar de 1964. Em editorial publicado em 2013, o jornal reconheceu o apoio à ditadura, período durante o qual a empresa cresceu. O site americano Wikileaks divulgou documentos dando conta da Operação Brother Sam, cujo objetivo foi apoiar militarmente o golpe militar no Brasil, através do envio de porta-aviões à costa fluminense e suporte de espionagem pela CIA.

A CIA monitorou trocas de e-mails da Presidente Dilma. O fato foi revelado pelo ex-agente Edward Snowden em setembro de 2013 e provocou um pedido de desculpas do presidente americano Barack Obama. Em 1974, um presidente americano foi derrubado por comandar grampos ilegais durante a campanha presidencial. Este caso ficou conhecido como Watergate e foi citado como exemplo de operação de interesse público e sem fins políticos pelo juiz Sérgio Moro.

Sérgio Moro é casado com uma funcionária do PSDB, principal partido de oposição ao governo Dilma. Seu pai foi um dos fundadores da agremiação política no Paraná. Moro fez palestras a convite do empresário João Dória Jr., provável candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo. O juiz federal brasileiro é ex-aluno de um programa especial para líderes patrocinado pelo US Department of State. Em 2015, Moro recebeu o prêmio Personalidade do Ano de O Globo, jornal que apoiou a ditadura militar no Brasil e deu em primeira mão a gravação da conversa entre Lula e Dilma.

O texto acima é apenas uma compilação de fatos amplamente divulgados pela mídia convencional e independente, todos disponíveis na internet.

Ligue os pontos como quiser. Crie a narrativa que quiser: conto de fadas, realidade fantástica, história real.

Hoje, pela primeira vez na história desse país, a História pode ser contada por você.