Uma sugestão de pauta para a equipe da Globo presa com “cocaína falsa”: o Helicoca. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 14 de outubro de 2015 às 16:38
Gesso do bom, mano
Gesso do bom, mano

 

Só fica mais abstrusa a presepada da afiliada da Globo que tentou produzir uma “reportagem” sobre a fragilidade do combate ao tráfico de drogas na fronteira com a Bolívia.

O episódio acaba expondo o que é rotulado de “jornalismo investigativo” na televisão. O repórter Alex Barbosa foi detido no último dia 12 com outros três membros de sua equipe com 240 quilos de gesso em dois carros.

A ideia genial era passear com a “falsa cocaína” de um lado para o outro dos dois países para provar como a fiscalização não serve para nada.

Deu ruim. Abordados por agentes da Gefron (Grupo Especial de Fronteira), que estranhou o fato de os veículos estarem rebaixados por causa do peso, eles foram parar na Polícia Federal de Cáceres e liberado de madrugada depois de prestar depoimentos.

De acordo com Barbosa, a direção da Globo no Rio estava ciente e poderia aproveitar a história no Jornal Nacional. “Era, a princípio, para sair em rede nacional”, afirmou ao site Notícias da TV.

Ou seja, se a papagaiada funcionasse, a audiência do JN veria o velho William Bonner dando uma chamada do tipo: “Nossa equipe prova como é cada vez mais fácil contrabandear entorpecentes no Brasil”, ou algo que o valha.

Sim, é verdade que drogas entram e saem na maior. Mas não iria ao ar a informação de que aqueles homens se colocaram, de uma maneira estúpida, numa situação arriscada. E essa não é a única sandice.

O Ministério Público Federal anunciou que foi comunicado da coisa e que teria repassado a orientação para a PF e a PM. Ora, se a polícia sabia, qual era o combinado? Deixar a esquadrilha da fumaça passar batido e provar sua incompetência?

Esses órgãos foram mobilizados em nome de uma cascata. Se acabasse em tragédia, como ficaria? Ou teríamos uma operação abafa? Quantas “investigações” desse estilo vão ao ar, cheias de som e fúria, dando uma notícia fabricada, sem que ninguém saiba como aquilo foi feito?

Deixo aqui uma sugestão de pauta sobre drogas no Brasil: o Helicoca. Trata-se do apelido carinhoso que um juiz deu para o caso de apreensão de um helicóptero com meia tonelada de pasta base de cocaína no Espírito Santo.

Rende uma matéria incrível: a aeronave pertence à família de um político mineiro envolvido em diversos escândalos, Zezé Perrella. Ele vem a ser amigo do peito do senador Aécio Neves. Ambos são cruzeirenses fanáticos, veja só.

Todos os envolvidos estão soltos. Os Perrellas foram inocentados por um delegado federal menos de um mês após o flagrante.

Ah, não interessa? Estranho.