VÍDEO: delegado da PF que indiciou Haddad quis condução coercitiva e defendeu o procedimento em Escola Militar. Por Zambarda

Atualizado em 15 de janeiro de 2018 às 15:47
Haddad e o delegado Rosa

O ex-prefeito Fernando Haddad foi indiciado pelo crime de Caixa 2 pela Polícia Federal na Operação Cifra Oculta, um desdobramento da Lava Jato.

Junto de Haddad, também foram indiciados o ex-tesoureiro João Vaccari Neto, o coordenador da campanha Chico Macena, o ex-deputado Francisco Carlos de Souza e três pessoas ligadas a uma gráfica que prestou serviços em 2012.

O procedimento foi baseado na homologação da delação premiada de Ricardo Pessoa, da empreiteira UTC.

O homem por trás da operação é João Luiz Moraes de Rosa, integrante da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros (Delecor).

Num relatório de 32 páginas, o delegado afirma que o pagamento de serviços para as empresas LWC e Cândido & Oliveira Gráfica é “fachada” e que os valores são superiores ao declarado para a Justiça Eleitoral.

Em 1º de junho de 2017, Rosa solicitou a condução coercitiva de Haddad e da ex-vice-prefeita Nádia Campeão.

Na época, a PF movimentou 30 homens em nove mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, São Caetano e Praia Grande.

O juiz da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, Márcio Antônio Boscaro, negou o pedido de coercitiva. Rosa, no entanto, frisou que Haddad estava intimado a depor sobre o caso.

Segundo o jornal Valor Econômico, a dívida de R$ 25 milhões da campanha foi assumida pelo diretório nacional do partido, o que envolve Vaccari. Por este motivo, o magistrado Boscaro impediu a coercitiva de Fernando Haddad, que não teve envolvimento direto nas atividades do ex-tesoureiro.

Especialista em Direito Penal pela Escola Superior do Ministério Público de São Paulo, o delegado Rosa deu um curso de “Elementos do Direito Processual” na Escola Judiciária Militar estadual. O vídeo foi ao ar no YouTube em 17 de junho de 2016, um ano antes da operação.

A partir do minuto 11 da gravação, João Luiz Moraes de Rosa faz uma digressão sobre ferramentas necessárias para o avanço das investigações contra o que ele define como “organização criminosa”.

“Com um conjunto probatório suficiente, posso emitir mandados de busca e apreensão, prisão, dando início à deflagração da operação. Podemos fazer mandados de condução coercitiva também. Falávamos há pouco sobre os polêmicos mandados de condução coercitiva aqui”, diz.

A palestra ocorreu poucos meses depois da coercitiva de Lula, em março daquele ano. Um ano depois de sua conferência para PMs, ele pediu o mesmo tipo de procedimento para Haddad sem nenhuma comprovação clara de crimes.

Em contato com o DCM, a assessoria de Fernando Haddad chamou de “descuidado” o uso do indiciamento envolvendo seu nome. O dono da gráfica, Francisco Carlos de Souza, negou ter recebido recursos da UTC. Uma obra no túnel que liga à Avenida Roberto Marinho, em São Paulo, teria sido cancelada no dia 14 de fevereiro de 2013. A empreiteira envolvida na Lava Jato teria responsabilidade pela obra.