“A medida da grandeza de uma sociedade é dada pelo modo como esta trata os mais necessitados”

Atualizado em 25 de julho de 2013 às 16:17

As palavras extraordinariamente inspiradoras do papa.

De colar de havaiana, na favela de Varginha, o papa falou o que tinha que ser falado
De colar de havaiana, na favela de Varginha, o papa falou o que tinha que ser falado

“A medida da grandeza de uma sociedade é dada pelo modo como esta trata os mais necessitados, quem não tem outra coisa senão a sua pobreza.”

Clap, clap, clap.

A frase do papa Francisco vale por alguns livros de sociologia.

Somos pequenos, por essa medida, inegavelmente. Mas já fomos menores. Sobretudo nos últimos dez anos, primeiro com Lula e agora com Dilma, existe um esforço para mitigar a praga da desigualdade social.

A pobreza entrou na pauta nacional, isto é fato. O combate à miséria neste decênio petista é um copo meio cheio e meio vazio.

Avançamos, é certo. Mas menos do que poderíamos e deveríamos, e coube ao MPL deixar isso claro com seus protestos históricos de junho passado.

Não queremos um país tão desigual, gritaram os jovens do Passe Livre. E queremos mais velocidade na inclusão.

Essa velocidade é necessariamente lenta quando o país não reprime e pune exemplarmente coisas como a sonegação bilionária da Globo, isso depois de ela ter sido documentada extensamente.

Coloquemos assim: a impunidade da Globo é um escárnio contra cada brasileiro.

As palavras de Francisco contra a iniquidade são bem vindas. Extremamente. Por mais que se tente descaracterizá-las, a essência fica.

“Vocês, queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem (…) com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício”, disse o papa aos jovens favelados de Varginha.

“Também para vocês e para todas as pessoas repito: nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança. A realidade pode mudar, o homem pode mudar. Procurem ser vocês os primeiros a praticar o bem, a não se acostumarem ao mal, mas a vencê-lo.”

Mais uma vez, clap, clap, clap.

Francisco repetiu um pensamento de Gandhi: seja você a mudança que deseja ser no mundo.

Existe, em parte da esquerda, um incômodo enorme com Francisco.

Mas quem tem que ficar realmente incomodado com ele é a elite predadora. É ela que sempre tratou com desprezo abjeto a parcela da sociedade que não tem “nada senão sua pobreza”, como disse Francisco.

É essa elite que, depois de décadas de pilhar os cofres públicos, tem que dar sua contribuição – vigiada pelo braço firme do Estado – para que o Brasil se torne mais, bem mais igualitário.