Alckmin, Aécio e Marta foram vaiados pelos corvos que criaram. E agora? Por Kiko Nogueira

Atualizado em 14 de março de 2016 às 9:11

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Há uma certa justiça poética na humilhação sofrida por Aécio Neves, Geraldo Alckmin, Aloysio Nunes e Marta Suplicy na Paulista.

Aécio saiu na rua em Belo Horizonte e depois rumou para São Paulo, onde encontrou Alckmin e amigos. Entraram numa van e foram para a avenida.

Resistiram meia hora. Desistiram de subir num carro de som depois de ser xingados de “oportunistas”, “corruptos”, “bundões” e “filhos da puta”.

Aécio ainda ouviu de um sujeito quando o cumprimentava: “Você sabe que você também é ladrão”.

Marta Suplicy, provável candidata do PMDB à prefeitura em São Paulo, foi chamada de “perua”, “vira casaca”, entre outros agrados. Teve de buscar refugio no prédio da Fiesp, o que é uma cena plena de simbolismos.

O que não tem simbolismo nenhum e é claro e malcheiroso como a tintura do cabelo de Marta é que os três apostaram neste cenário, colocaram lenha nos protestos, flertaram com os movimentos, ofereceram apoio aos líderes, fingiram inocência de um jeito canastrão — e agora vêem que a situação não está sob seu controle.

Aécio foi citado cinco vezes na Lava Jato. Alckmin está lidando com a fraude da merenda em sua gestão. Marta, até ontem, era do PT. Mesmo os eleitores deles, em todo o esplendor de seu coxinhismo, não são tão trouxas assim.

O discurso moralista sobre corrupção, vindo de rematados corruptos, vai ter de ser recauchutado.

O resultado do trabalho de Moro em parceria com o que chama de “mídia simpatizante”, com seus vazamentos selecionados, transbordou. Isso não estava combinado.

A demonização da política faz com que mentecaptos defendendo “intervenção militar” não sejam incomodados nos protestos, enquanto representantes de partidos sejam escorraçados.

É o cenário perfeito para a ascensão do juiz vingador, o Moro, e de um justiceiro incorruptível, Jair Bolsonaro, cercado em Brasília aos gritos de “mito”. Essa é a bomba que esse pessoal que foi vaiado vai ter de tentar desarmar enquanto ela explode em seu colo.

 

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