Bolsonarista e olavista, funcionário público é preso acusado de envolvimento em esquema milionário de corrupção

Atualizado em 4 de junho de 2019 às 20:44
Com a deputada Compagnolo

Um dos presos na operação Alcatraz, deflagrada pela Polícia Federal ontem, é um homem que se apresenta como bolsonarista e olavista e tem uma atuação ostensiva na rede social em defesa de uma tal “direita Santa Catarina”.

Ele é Fábio Lunardi Farias, gerente de tecnologia da informação e governança eletrônica da Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca.

A juíza Janaína Cassol Machado, da 1ª Vara Federal de Florianópolis, decretou sua prisão temporária, por estar envolvido num esquema de emissão de notas frias para lavar dinheiro usado em pagamento de propina.

Pelo menos outras dez pessoas também tiveram a prisão decretada.

Segundo reportagem do jornal ND, de Santa Catarina, a organização criminosa envolvia agentes públicos como Lunardi, grupos empresarias e empresas fantasmas com influência de políticos.

Relata o jornal:

A investigação partiu de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, sobre o descompasso entre a receita bruta de uma empresa que seria de fachada e sua movimentação financeira.

O sócio principal da empresa fantasma foi chamado a prestar esclarecimentos e confessou que emitia notas frias “a fim de receber pagamento de órgãos públicos e depois de descontada sua parte, incluindo as despesas fiscais, devolver o dinheiro aos agentes públicos”.

Segundo a Polícia Federal, houve fraude em licitações e desvio de recursos públicos ligados a contratos de prestação de serviço de mão de obra terceirizada e do ramo de tecnologia firmados com órgãos do executivo estadual.

A investigação da PF apontou um prejuízo aos cofres públicos, em razão dos ajustes fraudulentos, estimado em cerca de R$ 25 milhões quanto à Secretaria Estadual de Administração e em cerca de R$ 3 milhões em relação à Epagri/SC, ambos em contratos ligados à área de tecnologia.

Além disso, segundo a Receita Federal, são estimados R$ 100 milhões em créditos tributários em nome de diversos contribuintes que participavam do esquema de propina.

Fábio Lunardi se apresenta no Facebook como ítalo-brasileiro e apoiador do governo de direita da Itália. Também destaca que é aluno do Seminário de Filosofia de Olavo de Carvalho.

Participou ativamente da organização do ato do dia 26, em que se procurou pressionar o STF e o Congresso Nacional e houve muitas manifestações de combate à corrupção.

Tirou foto com a deputada Ana Caroline Campagnolo, do PSL, aquela do escola sem partido.

Uma das postagens mais recentes deles é um cartaz em que diz que houve desvio na Universidade Federal de Santa Catarina, o que não foi confirmado em inquérito, e provoca: “Entendeu por que os cortes de 3,5% incomodam tanto a administração das universidades federais?”

Em outra postagem, conta, com uma emoji em lágrimas: “Tem dias que dá uma vontade de desistir do Brasil”.

Na cadeia, Lunardi tem agora oportunidade de refletir sobre a corrupção e a hipocrisia.

Mais um moralista sem moral que é desmascarado.

Página no Facebook
Fábio, o primeiro à direita, no ato do dia 26

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O DCM não conseguiu contatar Fábio, por estar preso. Mas este espaço está aberto para que ele se manifeste a respeito das acusações do Ministério Público e da Polícia Federal.

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Em 1º de junho de 2019, recebemos a seguinte nota da advogada de Fábio Lunardi:

A defesa de Fábio Lunardi Farias divulga a seguinte nota como contraponto:

Não há qualquer envolvimento de FÁBIO LUNARDI FARIAS com recebimento de valores ou qualquer tipo de vantagem indevida – inclusive abriu mão de sigilos bancário e fiscal voluntariamente e forneceu senhas de todos os aparelhos e sistemas/programas, ainda no cumprimento da busca.

Fábio atendia as demandas técnicas que vinham da presidência da EPAGRI, tendo recebido suporte direto da Diretoria de Governança Eletrônica do Estado (DGOV) nas licitações sob investigação. Somente tomou conhecimento das tratativas ilícitas quando leu a decisão judicial que determinou as prisões e buscas. Espera que sua inocência seja logo reconhecida e está profundamente abalado por ter seu nome indevidamente envolvido com indícios de ilícitos. Foi colocado em liberdade na noite de ontem (31 de maio).

Julia Vergara – OAB/SC 54.813