Bolsonaro é o messias que Edir Macedo descreveu no livro “Plano de Poder”. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 15 de abril de 2019 às 11:30
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A aliança de Edir Macedo e Jair Bolsonaro faz parte de um projeto ambicioso explicitado num livro lançado em 2008 pelo fundador da Igreja Universal.

“Plano de poder” é quase um Mein Kampf em matéria de sinceridade, despudor, ganância, fanatismo religioso e loucura.

A ascensão dos evangélicos é tratada como algo determinado pela Bíblia.

O co-autor é o jornalista Carlos Oliveira, na verdade um fantoche como o “repórter” Eduardo Ribeiro, da Record, que bateu papo com o ex-capitão no aconchego de seu lar em programa exibido no horário do debate da Globo.

Trata-se de um “manual que não se restringe apenas à orientação de fé religiosa”. É também “um livro que sugere resistência, tomada e estabelecimento do poder político ou de governo”.

No capítulo “A visão estadista de Deus” somos avisados de que para os crentes chegarem lá é necessário “engajamento, consenso e mobilização”.

“Insistimos em que a potencialidade numérica dos evangélicos como eleitores pode decidir qualquer pleito eletivo”.

“Em nenhum tempo da história do evangelho no Brasil foi tão oportuno como agora chamá-los de forma incisiva a participar da política nacional (…) O momento é oportuno ao projeto divino de nação!”, reza a obra. 

Os fieis que ainda não entenderam “o projeto de poder político” precisam “despertar ao toque da alvorada”.

Ai de quem não desperta.

Recentemente, um pastor da Renascer, que pertence àquele casal preso nos EUA com 56 mil dólares em dinheiro vivo, foi demitido por se recusar a pregar em favor de Bolsonaro.

Como os hebreus sob o governo do faraó no Egito, os “cristãos” brasileiros estão à espera de um “libertador”, um novo Moisés. 

Com o “agente apropriado”, teremos o “início do grande intuito divino”.

“O êxito em política, sobretudo na atualidade, depende de um conjunto de ações estratégicas, bem elaboradas e objetivas, que vai desde o político como produto às ações dos que desejam elegê-lo”.

“Deus segue procedimentos normais e técnicos”. 

A aproximação de Edir com Bolsonaro começou em novembro do ano passado, segundo a Folha, quando o extremista foi apresentado à direção da emissora em evento de um instituto filantrópico do grupo no hotel Unique, em São Paulo.

Edir Macedo terá, se JB triunfar, um amigo para despejar verbas publicitárias em seus negócios.

A ideia é ter aqui uma versão da Fox News, trincheira de Trump na mídia americana. A diferença é que a Fox é bem feita (não me refiro ao conteúdo e sim à forma).

Se isso vai dar certo são outros quinhentos, já que a Record, que só produz lixo no jornalismo, produzirá mais lixo. 

A única maneira de defender um sujeito como Jair Bolsonaro é enganar a audiência — e isso é especialidade da casa.

Não está no livro de Edir, mas no Novo Testamento, e quem falou foi Jesus Cristo: “Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira”.

Edir encontrou seu messias.