Como a Globofilmes está destruindo o cinema nacional

Atualizado em 16 de março de 2014 às 21:50

O depoimento do ator e produtor Caio Blat mostra como o monopólio da Globo é predador.

Duas coisas são notáveis num vídeo em que o ator Caio Blat fala sobre o papel predador da Globofilmes no cinema brasileiro.

A primeira é o assalto perpetrado pela Globofilmes. A segunda é que, tornado público isso, nada tenha acontecido exceto uma retratação de Blat que lembra as confissões dos acusados de crimes contra o comunismo na década de 1930 na Rússia de Stálin. Era claramente isso ou o fim da carreira.

O órgão que deveria coibir ações nocivas de monopólios, o Cade, é simplesmente inoperante quando se trata da Globo.

Sintetizarei o golpe aqui, tal como narrado calmamente por Blat.

Se você não fecha um contrato com a Globofilmes para a distribuição do seu filme, as mídias da Globo se fecham para você.

Tevê, jornal, revistas, internet: pode esquecer no trabalho de divulgação.

Então você é forçado a fazer.

Aí a Globofilmes coloca você no Jô, no Serginho Groisman, no Vídeo Show etc.

Ótimo. O detalhe é que sua ida àqueles programas é cobrada como se fosse publicidade.

Mercham, o que é ainda mais caro que a propaganda convencional porque se trata de enganar o espectador.

Depois, a Globofilmes se “ressarce” do investimento fictício na bilheteria.

Ela investiu quanto? Zero. Qual o custo de encaixar um diretor ou ator de um filme num programa da própria Globo? Nenhum, se descontarmos coisas subjetivas como a conversa com Jô Soares, por exemplo.

Mas a fatura vem, como conta candidamente Blat. E pesada. Acontece o seguinte: quem ganha, essencialmente, é apenas a Globofilmes, ou a Globo.

Para produtores é um negócio cruel.

Há, neste história, uma terrível injustiça, um comportamento que é a negação do capitalismo que a Globo, à luz do sol, tanto prega para, nas sombras, fazer tudo para extorquir os que têm a infelicidade de viver sob seu monopólio deletério.

O poder da Globo de fazer coisas malévolas com tem que ser combatido, em nome do interesse público.

Há que quebrar um monopólio que acaba dando em coisas como a Globofilmes.

Não enfrentar esse drama nacional, como sucessivos governantes fizeram, incluídos Lula e Dilma, é uma ação de lesa pátria.