Com megapacote de US$ 4,2 trilhões, Biden reconfigura totalmente o papel do Estado. Por Gilberto Maringoni

Atualizado em 9 de abril de 2021 às 7:40
O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, durante o anúncio do plano na quinta-feira em Wilmington (Delaware).JIM WATSON / AFP

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Por Gilberto Maringoni

Joe Biden é o mais surpreendente presidente norteamericano desde Jimmy Carter, ou seja, alguém que sai da casinha reservada a ele como personagem mais poderoso do planeta.

Em 2008, todas as esperanças de mudança estavam depositadas em Barack Obama, jovem, negro, com uma carreira fulgurante e que, em algum momento da vida, esteve vinculado a movimentos sociais.

Ou seja, simbolismos não lhe faltavam.

Eleito em meio à pior crise desde 1929, tudo apontava para termos ali um novo Franklin D. Roosevelt.

De cara, a expectativa se arrefeceu. Larry Summers, o plenipotenciário Secretário do Tesouro de Bill Clinton, logo se colocou como orientador geral da política econômica (no National Economic Council) e toda a equipe da área foi herdada da ligação dos Clinton com Wall Street.

Biden era um vice relativamente discreto e apagado internamente, atuando mais em política externa. E Obama ficou como aquele sujeito simpático, sorridente, com quem todos gostaríamos de passar horas conversando, mas que nada realizou de realmente estruturante.

É espantoso que um sujeito anódino, previsível e uma espécie de logotipo do establishment democrata – ele lembra Franco Montoro – esteja operando uma guinada na política econômica e apareça como patrocinador de um novo New Deal.

O megapacote de US$ 4,2 trilhões e o aumento de impostos para o topo da pirâmide social para combater a crise e a pandemia concretizam ousadia impressionante. Aliás, não se trata apenas de uma nova matriz econômica.

O que sua administração faz é reconfigurar totalmente o papel do Estado! (Na política externa, chance zero de mudança: Império segue sendo Império).

Aqui na colônia, parasitas do mercado financeiro, como Paulo Guedes e os farialimers, não conseguem explicar os motivos pelos quais não podemos agora macaquear o que se faz na matriz.