Demonstração de sentimento: sim ou não?

Atualizado em 22 de julho de 2020 às 12:32

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O ser humano é muito complexo e nem sempre o que demonstramos reflete como nos sentimos. Quem nunca riu de nervoso quando queria chorar? Ou conheceu alguém que num momento de luto tornou-se expansivo? São vários os exemplos, e por isso nem tudo o que parece é. Portanto, demonstrar sentimentos nem sempre é algo fácil, tanto para um lado quanto para o outro. Quem demonstra pode se sentir vulnerável ou encarar o traço como fraqueza e quem não demostra, pode ser repreendido por ser distante e fechar-se ainda mais. Como resolver esse impasse?

Inteligencia emocional é chave

Não se trata na verdade ser mais rígido ou mais sentimental. A resposta é menos simplista e o ponto importante é desenvolver maturidade sentimental, algo desafiador para a maioria das pessoas porque significa se conhecer e isso dá trabalho, e poucos colocam a mão na massa de fato. Uma outra resistência é a própria sociedade, que vende cada vez mais a imagem de que não demonstrar sentimentos é algo bom. Não importa de que lado você esteja. Tanto quem reprime quanto quem demonstra seus sentimentos sem passar primeiro pela inteligência emocional pode gerar uma série de comportamentos nocivos para si e àqueles ao seu redor, como insegurança, estresse, fragilidade ou isolamento, desconfiança e excesso de confiança. A inteligência emocional é o filtro que nos permite sermos verdadeiramente honestos conosco mesmos.

Bem me quer, mal me quer

Quando se trata de relacionamentos afetivos, a demonstração de sentimentos ou o medo desta é ainda mais evidente. As pessoas estão cada vez mais desconfiadas e têm receio de se doarem demais aos outros e não receberem o mesmo de volta ou o valor que gostariam. Demonstrar o que se sente não nos torna imunes à dor e somos responsáveis somente por aquilo que depende de nós. É melhor uma demonstração sincera do que guardar para si e sofrer. Se este é o seu caso, retorne à inteligência emocional.

No fundo, as pessoas gostam e admiram demonstrações, é uma injeção de positividade, a exemplo de uma série de mensagens positivas dos usuários do Badoo que foram projetadas em várias cidades do Brasil. Entre votos esperançosos e declarações de amor, a coragem de demonstrar o que se sente estampada para desconhecidos é uma bonita prova de empatia.

Pessoas que demonstram o que sentem abertamente geralmente sentem-se mais leves porque através de palavras, um abraço, um sorriso estão doando algo ao outro. Portanto, passando positividade e expressando que desejam o bem. Ser autêntico nunca é uma escolha errada, mesmo que soe piegas ou se o outro ignorar. O autoconhecimento nunca será em vão.

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Passos para desenvolver sua inteligência emocional

É fácil falar o que se deve fazer, difícil é fazê-lo! Mas aqui vão algumas dicas para saber por onde começar. Primeiro, é importante conscientizar-se dos seus sentimentos. Cada vez que tentamos ignorá-los, eles apenas aparecem sob outras formas e podem nos induzir a reações inoportunas, como um ataque de raiva no trabalho ou quando nos sentimos tristes, mas não sabemos explicar o por quê. Depois, coloque estes sentimentos para fora, experimente conversar com um amigo ou escrever se preferir; as palavras, tão reais na nossa frente nos forçam ao confrontamento, diferentes dos pensamentos, que são abstratos.

Se perceber que errou em relação a algo ou alguém, busque aprender com esses erros e, muito importante, desenvolva o ato de perdoar-se. Lição aprendida, você não tem que viver com um peso desnecesssário de culpa nas costas. Esse passo é um dos mais desafiadores, porque pode ser um processo longo com raízes de uma vida inteira sem se perdoar ou sem perceber que não se perdoa. Leve o tempo que precisar; tomar conhecimento já é um passo muito importante.

Por fim, busque praticar a empatia. A capacidade de nos colocarmos no lugar do outro é uma ferramenta poderosa para demonstrar sentimentos. Atenção: você não tem que absorver cada sentimento dos outros; isso não é saudável. A empatia serve para entendermos como o mundo é sob o olhar do outro e nos permite descentralizar do nosso ego, nossas necessidades e colocar o ‘eu’ como espectador ao invés de protagonista.

Existem outros pontos que você pode desenvolver, mas só de seguir esses primeiros passos, aprendemos a viver mais levemente, ter mais energia e até melhorar a saúde. Lembre-se que reprimir sentimentos pode facilitar o surgimento de doenças.

Ao estar sempre desenvolvendo sua inteligência emocional, você investirá em relacionamentos mais saudáveis, inclusive o consigo mesmo, e demonstrar sentimentos será uma consequência de como gerencia suas emoções.