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É bom prestar atenção no que Neymar disse. Por Scott Moore

Acertou

Ladies & Gentlemen:

Boss discorda, mas acho que Neymar estava certo ao defender seus companheiros de seleção depois da eliminação na Copa América.

Profético ele foi: os comentaristas esportivos já estavam descendo bordoadas na seleção antes mesmo que soubessem da mensagem de Neymar numa rede social.

Os comentaristas esportivos oscilam entre a mais baixa bajulação e a mais desvairada raiva dos jogadores de futebol. Quando se trata de seleção, isto é pior ainda.

Há uma expectativa irreal em relação ao escrete (nota da tradutora: scretch no original) brasileiro. Os jornalistas esportivos imaginam que a amarelinha (no original: tiny yellows) joga por si só.

Mas infelizmente não é assim. A amarelinha era uma quando era vestida por Pelé, Garrincha, Rivellino, Gérson, Didi, Jairzinho, Tostão, Nílton Santos, Zito e tantos outros.

É outra quando envergada pelos jogadores de hoje. São bons, em certos casos muito bons, como o próprio Neymar, mas estão longe do nível majestoso que o futebol brasileiro teve entre o final dos anos 1950 e o início da década de 1970.

Ladies & Gentleman: isto quer dizer que o Brasil é um time que pode bater em qualquer outra seleção, mas também pode perder. Já não assusta, já não intimida, já não entra em campo como favorita.

Mas a crônica esportiva ainda parece ter a cabeça nos anos 1960, e espera desempenhos irrealistas da seleção brasileira.

Só que a camisa 10 que foi de Pelé está com Lucas Lima. A 8 que pertenceu a Gérson é de Elias. São bons jogadores, mas de uma segunda ou mesmo terceira divisão se comparados aos ilustres antecessores.

É reconfortante para os brasileiros, ou deveria ser, que não haja hoje em todo o mundo time nenhum comparável à amarelinha do passado. Significa que o Brasil pode ser campeão mundial mesmo com os jogadores de que dispõe.

Para não se torturarem e não impingir seu transtorno ao público, os comentaristas esportivos devem, antes de tudo, lembrar que Pelé não joga mais. Ou vão ficar para sempre exigindo a troca de treinador como se algum deles pudesse trazer de volta Rivellino e mais dez do mesmo padrão.

Sincerely.

Scott

Scott Moore

Aos 53 anos, o jornalista inglês Scott Moore passou toda a sua vida adulta amargurado com o jejum do Manchester City, seu amado time, na Premier League. Para piorar o ressentimento, ele ainda precisou assistir ao rival United conquistando 12 títulos neste período de seca. Revigorado com a vitória dos Blues nesta temporada, depois de 44 anos na fila, Scott voltou a acreditar no futebol e agora traz sua paixão às páginas do Diário.

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