DCM – Entretenimento

Do Instagram do ator Pedro Cardoso, ex-Globo:

Bom dia. Triste dia pelas notícias que nos chegam sobre a Bolívia. Que assombro me causa os bons governos de Evo – quem vier dizer q ñ foram bons, explique-se, por favor – virem a sofrer uma oposição desalmada como esta que já começou a matar. A pessoa que os militares colocaram no poder, Jeanine, decretou a isenção criminal das forças armadas!! O mesmo que aqui quer fazer Messias. Isenção criminal!

Quem, e com quais argumentos, pode defender isenção criminal seja do crime que for? E um crime, então, deixa de ser crime? Crime é sempre crime! Isentar de responsabilidade quem comete crime só tem por objetivo que o crime seja cometido! Só por este decreto a atual administração da Bolívia é já criminosa; ilegal, portanto. É com a morte que se quer conter a liberdade.

Tenho insistido em dizer dos erros e crimes daqueles com quem compartilho afins visões de mundo. Mas diante do agigantamento do fascismo religiozento de extrema-direita preciso confirmar o que me disse colega que fiz aqui: “A esquerda é perseguida pelos seus acertos e não pelos seus erros”. E agradeço a amiga que, professora que é, me chamou a atenção para a perigosa dubiedade que poderia induzir a minha busca de equidistância crítica. Agradeço. É sempre bom ouvir. O povo negou, por tímida maioria, a Evo uma quarta candidatura. Ele deveria ter aceito. Errou. Depois, suspeita-se, as eleições foram fraudadas. Mas não são estes erros que movem os golpistas bolivianos. O golpe é contra os acertos de Evo; é contra o primeiro governo indígena de uma país de índios. Muito igual a oposição paranóica desenvolvida aqui contra o PT.

Onde nasce, meu Deus, todo esse ódio contra os pobres na América Latina? Um ódio cristão! É sempre em nome do Cristo que se erguem os inimigos dos pobres. Mas não se declarou Ele mesmo salvador dos oprimidos? Que honestidade pode haver em quem se vale de Deus para chegar no poder sobre os homens?

É preciso um soldado para obedecer a ordem de um general. Sempre. Todo Estado é um Estado policial. Vejo crises profundas nas democracias da Europa serem resolvidas sem que militar algum se intrometa. É conquista jurídica do pós guerra que a nós, latino-americanos, faz falta.