Do Instagram do ator Pedro Cardoso, ex-Globo:
Bom dia.
Sugiro a leitura do livro da foto. O autor nos conta o caminho que percorreu do comunismo ao liberalismo, comentando os autores liberais que o formaram. Eu gosto de ler Vargas Llosa. Li quando muito jovem “Tia Julia e o Escrevinhador” e “Pantaleão e as Visitadoras”, entre uns poucos outros. Dos que cito, gostei muito. Dos outros, pouco me ficou. Mas gosto de le-lo. Reencontrei-o como articulista em El País Brasil, recentemente. Gosto de ler Mário porque ele escreve muito bem. É fácil de ler, direto e claro. Este livro traz preciosas informações históricas e interessantes digressões teóricas. É muito rico e estimulante.
Passa-se comigo, ao le-lo, o mesmo que com outros autores liberais: A sensação de que há algo que eles não contemplam em suas defesas do liberalismo. Este algo, ainda nebuloso para mim, parece ser um temor; temor de admitir que a liberdade na qual se apoia e a qual promove a doutrina liberal jamais se realizou plenamente; e, a razão dessa frustração é a própria doutrina e não os seus inimigos externos. O mesmo penso sobre o comunismo e o seu paraíso de justiça jamais alcançado; sempre interrompido, dizem os comunistas, pelo socialismo aburguesado convivente com o capitalismo que domina o planeta.
Eu leio tudo e, como não estou ansioso por uma verdade absoluta e, muito menos, imutável, tudo que é honesto me agrada. Nada me convence por completo e tudo me integra, portanto. Me entristece quando cito algum autor e colegas vêm despreza-lo por ser um liberal ou um comunista. Eu só desprezo os desonestos. Acho uma soberba dispensar bons pensadores de quaisquer convicções políticas por conta de a deles não ser a nossa. Não podemos deixar de ler Heidegger por conta de sua passividade – ou mesmo adesão – ao nazismo. Assim como os livros de Jorge Amado não perdem valor porque ele foi comunista. Sartre defendeu o Stalinismo. Garcia Marquês, o regime cubano. Borges declarou-se um conservador. Nem uns nem outros, nem ninguém – muito menos eu ou qualquer um de nós – perde relevância por ter estado, eventualmente, errado em sua avaliação sobre o mundo. Apenas os desonestos intelectualmente não merecem o nosso tempo. Minha opinião. Sugiro o livro.
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