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“Ao levar o caso da ‘rachadinha’ para o Planalto, Bolsonaro pavimentou o caminho para o inferno”, diz colunista do UOL

Bolsonaro

Da coluna de Josias de Souza no UOL:

Ao levar o caso da rachadinha para dentro do gabinete presidencial, Jair Bolsonaro pode ter pavimentado o seu próprio caminho para o inferno. A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, deu nome à assombração: “Crime de responsabilidade.” Quando essa expressão é enganchada às colunas do Planalto, o inquilino do prédio tem razões para se preocupar.

Cármen Lúcia determinou ao procurador-geral Augusto Aras que saia de sua letargia para apurar a suspeita de que as engrenagens da Abin foram postas a serviço da defesa de Flávio Bolsonaro, o primogênito do presidente. A ministra enumerou os crimes que o episódio evoca: “Prevaricação, advocacia administrativa, violação de sigilo funcional, crime de responsabilidade e improbidade administrativa.”

A encrenca começou a se formar em agosto, quando Bolsonaro promoveu em seu gabinete um encontro sobre a rachadinha. Presentes, além do anfitrião, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno; o diretor da Abin, delegado Alexandre Ramagem; e as advogadas de Flávio Bolsonaro —entre elas Luciana Pires.

A realização desse encontro é um fato incontroverso. Os participantes admitiram sua existência. Na reunião, a defesa de Flávio expôs a tese segundo a qual o filho do presidente sofrera uma devassa fiscal ilegal. Nessa versão, dados recolhidos à margem da lei nos arquivos da Receita teriam sido despejados no processo. O que poderia levar ao arquivamento do caso.

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