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Com ‘tropa’ que foi hoje às ruas, Bolsonaro não venceria as eleições, diz Reinaldo Azevedo

Reinaldo Azevedo. Foto: Reprodução/YouTube

Reinaldo Azevedo detonou os protestos de hoje em seu blog no UOL. “Os protestos a favor do governo, coisa típica ou de ditaduras ou de governo que estão caindo — e não vivemos nem uma coisa nem outra —, foram pífios? Resposta: não! Conseguiram ombrear com os havidos no dia 15, em defesa da educação, com um acento à esquerda? Resposta: não! O presidente Jair Bolsonaro, com o resultado de hoje, está em situação desesperadora, perdido em seu labirinto? Resposta: não! As ruas lhe deram espaço para arrancar do Congresso o que bem entender, ou então virá o que os idiotas chamam ‘uma revolução’? Resposta: não!”.

O jornalista desenvolve seu raciocínio: “Acontece que todas essas perguntas são mais ou menos irrelevantes para o que se tem e para o que virá. E agora uma constatação inescapavelmente ruim para Bolsonaro, partindo de uma premissa óbvia: se os que foram hoje às ruas são a expressão do apoio que tem o presidente cinco meses depois da posse, então se pode falar sem medo de errar: com essa tropa, ele não ganharia a eleição se ela se realizasse hoje. Eis o dado nada irrelevante: isso significa que ele tem, sim, uma turma aguerrida, mas em número obviamente decrescente”.

E completa: “Querem outra evidência importante? Como os ‘bots’, os robôs, não têm carne e osso, não têm presença física, contata-se que a expressão nas ruas do bolsonarismo é muito menor do que a presença nas redes sociais. Qualquer um que se transforme em alvo da difamação da ‘máquina’ — cujos mecanismos de financiamento e estrutura, dentro e fora do país, ainda têm de ser investigados pela imprensa — sabe bem do que estou falando. Bolsonaro e os bolsonaristas estão por aí a dizer que as ruas deram um recado importante e coisa e tal… Deram, sim! Se sobrar ainda ao presidente e sua turma um pouco de lucidez e apego à objetividade, a resposta é esta: ‘Nosso cacife é bem menor do que pensávamos. Mesmo o presidente tendo denunciado uma conspiração que o impediria de governar e, na prática, convocando uma manifestação a seu favor e contra o Congresso e o Supremo, perdemos feio para os críticos do governo. Não estamos sozinhos, mas não temos tropa para impor a nossa agenda — tão logo, claro!, a gente tenha uma agenda’. Bolsonaro prestou, assim, um grande favor a seus adversários: demonstrar que o diabo é bem menos feio do que se pinta. Reiterando tudo o que já se constatou sobre o arrenegado, o cramulhão, o zarapelho, a realidade está muito distante do mito”.