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“CPI dos Sertanejos”: Gusttavo Lima lidera número de citações em investigações

Wesley Safadão e Gusttavo Lima acumulam queixas e ações de funcionários por salários precários
Cantor sertanejo Gusttavo Lima
Foto: Reprodução

Após Zé Neto, da dupla com Cristiano, criticar artistas que usam a Lei Rouanet e ironiza a tatuagem no “tororó” de Anitta, diversos shows com altos cachês pagos por prefeituras passaram a ser investigados pelo Ministério Público através da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Na ocasião, em 13 de maio deste ano, a dupla sertaneja fazia um show contratado com dinheiro da prefeitura de Sorriso, em Mato Grosso do Sul. Até o momento, pelo menos 36 cidades estão com investigações abertas por promover shows, festivais ou festas com a presença de artistas conhecidos nacionalmente e alto cachê. Esse movimento tem sido chamado de “CPI do sertanejo”.

Mas vale destacar que os artistas não são investigados, mas sim as prefeituras que os contratam por valores considerados desproporcionais a sua própria receita e tamanho. É importante mencionar também que uma lei criada em 1993 permite que artistas reconhecidos pela crítica ou público possam ser contratados sem licitação.

O nome mais citado nos contratos investigados pela CPI é o do cantor Gusttavo Lima. Com o cachê mais alto, que pode ultrapassar R$ 1 milhão, o sertanejo teve problemas em pelo menos cinco apresentações nos estados de Roraima, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Ceará.

A contratação do cantor na cidade de São Luiz (RR), com cachê fixado em R$ 800 mil, gerou a abertura de uma investigação pelo MPRR (Ministério Público do Estado de Roraima). A população do município é estimada em 8.232 pessoas segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Dividindo o cachê acordado pelo número de moradores de São Luiz, cada cidadão estaria pagando cerca de quase R$ 98 reais pelo show.

Gusttavo Lima também teve show contratado no valor de R$ 1,2 milhão pela prefeitura de Conceição do Mato Dentro (MG), a cerca de 164 km da capital Belo Horizonte. O show estava programado para o dia 20 de junho, na 30ª Cavalgada do Jubileu do Senhor do Bom Jesus do Matozinhos, e virou alvo de pedido de investigação no MPMG (Ministério Público de Minas Gerais). Apresentação foi cancelada.

O músico também teve um show impedido na Bahia. A Justiça proibiu o município de Teolândia de realizar repasses da XVI Festa da Banana, que aconteceria entre os dias 4 e 13 de junho. Segundo o Ministério Público do estado, o custo da festa ultrapassaria R$ 2 milhões, o que representa mais de 40% de todo o gasto do município com saúde no ano passado. Desse montante, R$ 704 mil corresponderiam ao cachê de Gusttavo Lima.

Além de Gusttavo, prefeitura também firmou contrato com Israel e Rodolffo (R$ 310 mil), Di Paulo & Paulino (R$ 120 mil), João Carneiro (R$ 100 mil) e Thiago Jhonathan (R$ 90 mil).

No Rio de Janeiro, outro um show do cantor Gusttavo Lima virou alvo de investigação no Rio de Janeiro. A prefeitura de Magé, na Baixada Fluminense, contratou o sertanejo pelo valor de R$ 1.004.000,00 para apresentação no aniversário de 457 anos da cidade. Mesmo sob investigação, o show aconteceu nesta semana. Foi o primeiro show do artista desde o início das polêmicas envolvendo cachês.

Uma segunda decisão chegou a liberar a festa, mas foi suspensa pelo Presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o ministro Humberto Martins.

“Eu nunca me beneficiei de dinheiro público ou empréstimo. A minha vida foi sempre trabalhar, fiz quase 300 shows em 2019. Somos uma equipe gigantesca de colaboradores, que nos ajudam a subir sempre mais um degrau. Não compactuo com uso de dinheiro público, tenho meus impostos em dia”, disse o artista em seu Instagram.

Em seguida, aparece Wesley Safadão com quatro contratos investigados e Xand Avião com três. Bruno e Marrone, Simone e Simaria, Ávine Vinny e Nattanzinho também aparecem nos contratos que estão na mira da “CPI do sertanejo”.

Quem tem problemas com a justiça no estado de Alagoas é o cantor Wesley Safadão. Ele sobe ao palco de uma festa no próximo domingo (12). O show chegou a ser suspenso pela justiça, mas a prefeitura de Viçosa recorreu e garantiu, até o momento, a realização da apresentação. O município, que nesta semana precisou realocar famílias devido a fortes chuvas e ao transbordamento do Rio Paraíba, argumenta que a situação climática já se estabilizou.

O MPRN (Ministério Público do Rio Grande do Norte) acionou a Justiça para que suspenda os shows dos cantores Wesley Safadão e Xand Avião no festival Mossoró Cidade Junina, previstos para este mês. Eles vão receber Wesley Safadão e Xand Avião R$ 600 mil e R$ 400 mil, respectivamente, pelos shows no evento.

Wesley Safadão e Xand Avião também tiveram apresentações suspensas a pedido do MPMA (Ministério Público do Maranhão). Safadão deveria ter se apresentado em Vitória do Mearim no dia 24 de abril por R$ 500 mil, e Avião tinha show programado para 3 de maio em Barra do Corda por R$ 400 mil, mas ambas as performances foram suspensas pela Justiça do estado

Três cidades do estado são investigadas por shows de cantores sertanejos e de forró. Em Iguatu, o Ministério Público investiga irregularidades na contratação de Gusttavo Lima por R$ 640 mil para evento no próximo dia 15 no Arraiá do Povo. Já o show de Wesley Safadão vai custar R$ 600 mil para as festividades juninas do município de Acopiara. Xand Avião, Ávine Vinny e Nattanzinho foram contratados para o Festival de Quadrilhas de Forquilha. As informações são do jornal Folha de São Paulo

O MP-RS (Ministério Público do Rio Grande do Sul) vai investigar a contratação de um show de Simone e Simaria, marcado para ocorrer em 15 de julho em Bom Jesus, cidade de pouco mais de 11 mil habitantes na Serra Gaúcha. Por meio da assessoria, o órgão informou que “vai instaurar procedimento esta semana para apurar se houve irregularidade na contratação”. A prefeitura alegou que haverá venda de ingressos para o show

O MPMT (Ministério Público do Estado de Mato Grosso) determinou a apuração da contratação de artistas por 24 prefeituras do estado com recursos públicos. Os contratados são cantores de música sertaneja e de outros gêneros musicais, que se apresentaram em eventos comemorativos como o aniversário da cidade e feriados municipais e por isso são investigados pela CPI. Os nomes dos artistas não foram divulgados, segundo o UOL.

Os municípios que teriam custeado a realização de eventos com verbas públicas são Gaúcha do Norte, Porto Alegre do Norte, Figueirópolis D’Oeste, Sorriso, Nortelândia, Salto do Céu, Alto Taquari, Novo São Joaquim, Nova Mutum, Sapezal, Canarana, Acorizal, Brasnorte, Água Boa, São José do Xingu, Vera, Barra do Garças, Juína, Querência, Bom Jesus do Araguaia, Santa Carmem, Matupá, Nova Canaã do Norte e Novo Horizonte do Norte.

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