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Derrotado, Fachin diz que Lava Jato é ‘missão cumprida’ e quer se dedicar às eleições de 2022

Ministro Edson Fachin durante a sessão plenária. Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF (20/02/2020)

De Aguirre Talento e André de Souza no Globo.

Diante dos desgastes e sucessivas derrotas que vem enfrentando, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin quer fechar seu ciclo à frente dos casos da Operação Lava-Jato e se dedicar à organização da disputa eleitoral de 2022 como futuro presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), segundo interlocutores. Seria por isso que, nesta quinta-feira, Fachin solicitou à Presidência do STF sua saída da Segunda Turma e mudança para a Primeira Turma do tribunal.

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Segundo interlocutores do ministro, Fachin já considera a Lava-Jato como uma “missão cumprida” e vinha sofrendo muitos desgastes internos à frente do caso, com sucessivas derrotas na Segunda Turma, que tem uma composição desfavorável à operação, capitaneada pelos ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski. O ministro considerava não ter mais clima para permanecer na turma, por ter se tornado uma voz isolada e alvo de frequentes ataques.

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O presidente do STF Luiz Fux ainda terá que decidir como será a sucessão dos processos da Lava-Jato. Fontes do tribunal apontam que Fachin poderá ter que participar do julgamento das ações já iniciadas, mas os novos inquéritos ficariam com um novo relator na Segunda Turma. O recado dado por seu gabinete foi claro: “Caso confirmada pela Presidência e pelo tribunal a mudança de órgão colegiado, a Segunda Turma continua preventa para o julgamento de todos os processos referentes à Operação Lava-Jato”. Há conversas nos bastidores em andamento, entretanto, para preservar parte dos casos nas mãos do ministro Fachin.

Atual vice-presidente do TSE, Fachin assumirá a presidência do tribunal eleitoral a partir de fevereiro do próximo ano e tem demonstrado a interlocutores muita preocupação com o clima de extrema polarização e críticas à credibilidade do processo eleitoral. Segundo fontes próximas ao ministro, esse é um dos motivos pelos quais ele deseja ter mais tempo para se dedicar à missão. Fachin deixará o TSE em agosto de 2022, pouco antes da eleição, quando assume o posto o ministro Alexandre de Moraes.

A relatoria da Lava-Jato, que incluía inquéritos, ações penais, acordos de colaboração e uma infinidade de processos, acaba consumindo um grande tempo de trabalho do ministro atualmente.

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