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Em editorial, Folha condena reunião de pai de Neymar com Bolsonaro: “gol contra o bem público”

Reprodução Instagram

A Folha destacou em editorial neste domingo, 21, o imoral encontro entre Bolsonaro e o pai de Neymar Júnior para tratar de dívidas com a Receita.

O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), entrou em campo para dar uma assistência ao jogador Neymar Júnior em disputa sobre impostos. Recebeu em palácio o pai e empresário do jogador, Neymar da Silva Santos, e agendou-lhe uma audiência com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

O encontro poderia ser considerado normal, mas não muito, se de fato tivesse tratado genericamente de “questões tributárias relativas a atividades esportivas”, como divulgou com malícia a assessoria de imprensa da pasta.

Mas a atividade esportiva em tela era a transferência de Neymar do Santos para o Barcelona, e a questão tributária, uma pendência de R$ 69 milhões que a Receita cobra do astro por alegada sonegação de impostos na transação.

Pouco importa se o pai do jogador tem razão ou não nos argumentos que apresentou à Receita. Recorrer às principais autoridades do país faz supor que esteja em busca de um atalho inadmissível.

Recorde-se, aliás, o estranho vídeo gravado pelo futebolista na companhia do surfista Gabriel Medina e divulgado durante viagem de Bolsonaro a Israel. O apoio declarado ao presidente na peça aparece agora como uma jogada para a torcida deslumbrada de Brasília.

Brasileiros comuns perdem horas de trabalho e suam a camisa para regularizar suas pendências com a Receita. Um jogador famoso e milionário, porém, consegue tratá-las diretamente nos tapetes do Planalto e da Esplanada —um verdadeiro gol contra o bem público.