Ex-presidente da Caixa obrigava funcionários a comer pimenta, diz site

Foto: Isac Nóbrega/PR
O ex-presidente da Caixa Econômica Federal, acusado de assédio sexual, está sendo denunciado por funcionários pela prática de assédio moral contra seus subordinados, segundo reportagem do Metrópoles.
De acordo com a reportagem, funcionários afirmam que sofreram diversos tipos de constrangimento e eram expostos a situações vexatórias e sádicas.
Subordinados ao então presidente, eles relataram que durante jantares, especialmente em viagens a trabalho, Guimarães despejava pimenta nos pratos de integrantes da sua equipe e os obrigava a comer toda a comida.
“Quanto mais você chora e passa mal, mais ele ri. Ele é bem sádico. Em toda refeição de trabalho com ele tinha pimenta no prato de alguém”, disse um dos colaboradores em depoimento.
Guimarães apresentou a sua carta de demissão ao presidente Jair Bolsonaro (PL), na quarta-feira (29), após acusações de assédio pipocarem. No documento, ele nega que tenha praticado assédio sexual contra servidoras do banco.
O ex-presidente do banco também era visto como um chefe autoritário. Funcionários confirmam que o ex-presidente do banco teve um acesso de raiva com executivos da Caixa que aprovaram mudanças nas normas internas sem informá-lo
A mudança era relacionada aos recebimentos de Guimarães. A nova regra estipulava um limite às nomeações por parte do presidente do banco para conselhos do própria estatal e das empresas nas quais ela tem participação.
Assim, Guimarães só poderia receber um adicional salarial referente a participação em dois conselhos. Desde o começo do mandato de Bolsonaro, ele integrou pelo menos 18 conselhos nas empresas, recebendo remuneração pela participação. O valor adicional chegava a R$ 130 mil, enquanto o salário do presidente do banco era de R$ 56 mil.
À época, Guimarães disse que os executivos da Caixa estariam trabalhando contra ele e o governo e que mereciam “se foder” com o retorno de uma administração petista. Ele ainda pediu que fossem anotados os dados pessoais dos funcionários presentes na reunião, para puni-los caso o conteúdo vazasse.
Trechos obtidos pelo Metrópoles mostram o tom autoritário do ex-presidente. “Caguei para a opinião de vocês, porque eu que mando. Não estou perguntando. Isso aqui não é uma democracia, é a minha decisão”, disse Guimarães.
Ameaças de demissão eram constantes, o que explica a alta rotatividade de nomes nos cargos de chefia da Caixa. “A gente tem 37 cargos de dirigentes e mais de 100 pessoas já passaram por esses cargos desde que ele (Guimarães) chegou”, afirmou uma funcionária.
Os salários para esses cargos eram dez vezes maior que os salários-base do banco, o que fazia com que os indicados cedessem aos pedidos autoritários de Guimarães. “Ele implantou na Caixa um ambiente de medo e de submissão, com o clima sempre tenso”, disse uma subordinada.
Funcionários afirmam ainda que o palavreado adotado pelo ex-presidente tinha cunho sexual e buscava humilhar seus subordinados.
Eles relatam que Guimarães costumava monitorar seus aparelhos celulares, pois temia ser gravado.