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Por que Hollywood passou a filmar menos cenas de sexo

Michael Douglas e Sharon Stone
Cena de sexo entre Sharon Stone e Michael Douglas no filme Instinto Selvagem (1992).
Foto: Reprodução

Em artigo publicado na BBC, a crítica de cinema Christina Newland fala sobre o fato de Hollywood estar filmando menos cenas de sexo. “Será que a indústria cinematográfica entrou numa nova era puritana?”, questiona ela, trazendo um contraste interessante.

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Newland afirma que, apesar de a sociedade ter se tornado mais aberta sexualmente, as grandes produções de cinema têm trazido cada vez menos cenas de sexo.

“Negar sexo e sexualidade no cinema é negar a totalidade de nossa própria humanidade”, diz a escritora.

Ela usa como base uma declaração do cineasta holandês Paul Verhoeven, diretor de filmes como o suspense erótico Instinto Selvagem. Para ele, existe hoje “uma confusão a respeito da sexualidade nos Estados Unidos”.

Leia abaixo alguns trechos do artigo:

Ao mesmo tempo que sociedades ocidentais ficam mais abertas sexualmente, há menos cenas de sexo nas grandes produções de cinema do que jamais houve. Será que a indústria cinematográfica entrou numa nova era puritana?

Fred MacMurray fica obcecado com uma tornozeleira na perna de Baraba Stanwyck no filme Pacto de Sangue. Viggo Mortensen e Maria Bello saem de uma briga de casal para um sexo agressivo numa escada em Marcas da Violência. Kim Basinger e Mickey Rourke namoram no chão da cozinha em 9 ½ Semanas Amor.

Esses são apenas três exemplos de cenas picantes apresentadas na grande tela, entre muitas ao longo da história do cinema. Seja na troca de olhares sensuais ou em amassos cuidadosamente filmados sob os lençóis ou nu frontal, a sexualidade é uma parte inerente da experiência cinematográfica — porque sexo é uma parte inerente das nossas vidas. Negar sexo e sexualidade no cinema é negar a totalidade de nossa própria humanidade.

Mas será que, apesar de tudo isso, cineastas estão cada vez mais abandonando o erotismo?

Durante o verão europeu deste ano, antes da exibição de estreia de seu filme Benedetta no festival de Cannes, o veterano cineasta Paul Verhoeven deu uma entrevista à revista americana Variety. Questionado por que filmes como seu suspense erótico Instinto Selvagem não estavam mais sendo produzidos em Hollywood, ele respondeu: “Tem havido um movimento generalizado na direção do puritanismo. Eu acho que é uma confusão a respeito da sexualidade nos Estados Unidos. A sexualidade é o mais básico elemento da natureza. Eu sempre fico pasmo ao ver que as pessoas ficam chocadas com sexo em filmes”.

Para alguns críticos, que têm lamentado há um certo tempo o que acreditam ser o novo puritanismo de Hollywood, ouvir isso de Verhoeven parece uma confirmação de que estavam certos. Afinal, Verhoeven ajudou a definir o suspense erótico dos anos 1990 e sempre foi, desde o início, um diretor interessado em sexualidade ousada.

Embora ele tenha começado a fazer filmes em seu país de origem, a Holanda, no final dos anos 1970, sua mudança para as grandes produções de Hollywood manteve seu mesmo gosto para a ousadia e para testar os limites, da notória cena de interrogatório em Instinto Selvagem à vulgaridade do criticado Showgirls (1995), até seu drama recente sobre consentimento sexual, Elle (2016).

Verhoeven também claramente não perdeu seu toque transgressor. No festival de cinema de Nova York deste ano, um grupo católico apareceu para protestar contra seu retrato de freiras lésbicas no século 17 no filme Benedetta. No mínimo, ele sabe um pouco sobre como retratar sexo no cinema.

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