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Militares temem o alinhamento de Ernesto Araújo, chanceler de Bolsonaro, à invasão da Venezuela

O presidente Jair Bolsonaro empossa o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, durante cerimônia de nomeação dos ministros de Estado, no Palácio do Planalto. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O blog de Tales Faria no UOL aborda o chanceler de Bolsonaro. “A viagem do ministro das relações exteriores, Ernesto Araújo, aos EUA está deixando os generais brasileiros de orelha em pé. Em sua terceira visita ao país desde que assumiu, Araújo encontrou-se na segunda-feira (29) com o secretário de Estado, Mike Pompeo, e o assessor de segurança Nacional de Donald Trump, John Bolton. São os auxiliares diretos do ´presidente norte-americano mais radicais na defesa de uma intervenção armada dos EUA para derrubar o governo Nicolás Maduro, na Venezuela”.

O jornalista desenvolve o raciocínio: “Nos EUA, este tipo de intervenção em outros países costuma ser usada como estratégia em campanhas eleitorais. A eleição presidencial acontece apenas em 2020. Mas a corrida pré-eleitoral já começou e Trump tem se mostrado candidatíssimo à reeleição. Os comandantes militares brasileiros são absolutamente contrários à intervenção armada. Já Araújo, embora publicamente não admita, tem demonstrado disposição de se alinhar com a posição que os EUA vier a tomar. Há temores de uma tentativa de tomada de poder pelo grupo do autodeclarado presidente venezuelano, Juan Guaidó, durante manifestações do 1º de Maio, amanhã. Se isto ocorrer pode ser deflagrada uma disputa armada que dê aos EUA a desculpa para intervir. O temor dos militares brasileiros é que esta estratégia para forçar o Brasil a entrar no conflito, ‘para evitar mais derramamentos de sangue’, esteja sendo combinada entre os auxiliares de Trump e Araújo”.

E completa, falando sobre a ala do Exército: “As divergências entre os militares brasileiros e o grupo de Araújo quanto ao tratamento à Venezuela –leia-se os filhos de Bolsonaro e o guru do bolsonarismo, Olavo de Carvalho– estão na base de todas as trocas de farpas das duas alas do governo. O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, não passa um dia sem ser atingido por petardos dos bolsonaristas mais radicais. Ele comandou pessoalmente a operação abafa dos militares contra a participação brasileira na tal ‘ajuda humanitária’ à Venezuela lidera pelos EUA e pela Colômbia. O governo Maduro afirmou que a ‘ajuda humanitária’ era na verdade uma tentativa dos EUA de intervir no país, alimentando dissenções internas”.