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MP encerra escutas no caso Adriano após miliciano dizer que se ‘fodia’ por ser amigo de Bolsonaro

Do Intercept:

Flávio Bolsonaro, Jair Bolsonaro e Adriano da Nóbrega. (Foto: Esq.: Wilson Dias -A BR)

Cinco dias depois da morte de Adriano da Nóbrega, em fevereiro de 2020, uma de suas irmãs afirmou em um telefonema que queriam ligar seu irmão a “Bolsonaro”.

Tatiana Magalhães da Nóbrega estaria se referindo ao presidente da República, Jair Bolsonaro, segundo trecho do relatório técnico da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Polícia Civil do Rio de Janeiro. O Intercept teve acesso com exclusividade ao documento, elaborado a partir da análise das quebras de sigilos telefônicos e telemáticos dela e de outros suspeitos de integrar a organização criminosa responsável pela proteção e continuidade dos negócios ilícitos do ex-capitão do Bope, o batalhão de elite do Rio de Janeiro.

(…) Na conversa interceptada em 14 de fevereiro de 2020, Tatiana fala com uma mulher não identificada, lamenta a dificuldade em liberar o enterro do irmão e diz que Adriano “tinha muita coisa e mexia com muita gente”. Depois, cita o presidente.

(…) O suposto compadrio entre o chefe da milícia de matadores de aluguel e o presidente, citado de forma lacônica por Tatiana da Nóbrega, também foi ressaltado em outra conversa interceptada.

Dessa vez, em 15 de fevereiro de 2020, seis dias após a morte do ex-capitão. No diálogo, classificado pela polícia como de média relevância, Luiz Carlos Felipe Martins, o Orelha, conta que “Adriano dizia que se fodia por ser amigo do Presidente da República”.

De acordo com o MP, Orelha atuava como um dos homens de confiança do miliciano. Após a sua morte, foi ele quem tratou da venda de cabeças de gado do espólio do ex-capitão. Assim como Tatiana e o vereador Gilsinho, Orelha também teve o monitoramento de suas comunicações suspenso dias depois de mencionar o presidente ao telefone. A assessoria da Presidência da República não comentou o teor da gravação.

(…)