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ONU: Investimentos estrangeiros diretos no Brasil caem pela metade em 2020

Bolsonaro e Guedes participam de cerimônia no Palácio do Planalto19/08/2020REUTERS/Adriano Machado Imagem: Adriano Machado/Reuters

Da UOL:

Por Jamil Chade

A queda registrada no fluxo de investimentos diretos no Brasil nos primeiros seis meses de 2020 foi maior que a média observada entre os demais países emergentes. Os dados estão sendo publicados nesta quarta-feira pela Conferência da ONU para Desenvolvimento e Comércio. Para a agência, dois fatores pesaram no caso do Brasil: a interrupção do programa de privatizações e a escala que a pandemia atingiu no país. No total, o primeiro semestre registrou uma queda de 48% nos investimentos no Brasil em comparação ao mesmo período de 2019, atraindo um total de US$ 18 bilhões entre janeiro e junho.

Com isso, o Brasil foi sexto destino de investimentos no mundo, igualando-se ao México e superado por Cingapura, Irlanda, Alemanha, EUA e China. Em 2019, o Brasil aparecia na quarta posição entre os maiores destinos de investimentos. Em 2020, outras economias sofreram mais que o Brasil. Entre os países ricos, a Itália teve uma queda de 74% nos investimentos. Nos EUA, a contração de 61%, para um total de US$ 51 bilhões.

No mundo, os investimentos tiveram uma queda de 49%, diante do impacto do confinamento nas decisões de multinacionais de adiar qualquer tipo de projeto. Para o ano, a previsão é de uma queda no fluxo mundial de investimentos que poderia variar entre 30% e 40%. Os anúncios de novos projetos de investimento caíram em 37%, enquanto as fusões e aquisições caíram em 15%. Na América do Norte, a redução foi de 56%, para $68 bilhões de dólares. Na Europa, pela primeira vez, houve um fluxo negativo de investimentos, com uma saída maior de capital que entrada de recursos. US$ 86 bilhões foram retirados da Holanda, contra US$ 30 bilhões do Reino Unido ou US$ 98 bilhões da Suíça. Na grande parte dos casos, porém, isso se trata de uma repatriação de recursos de multinacionais.

Mas o resultado brasileiro é pior que a média das economias emergentes e mais negativo que a média da América Latina. Entre os Brics, a Rússia ainda supera o Brasil na dimensão do tombo. A contração em Moscou foi inédita, passando de um fluxo positivo de US$ 16 bilhões em 2019 para uma fuga de capital de US$ 1,2 bilhão em 2020. Mas, de uma forma geral, esse bloco de países emergentes sofreu um abalo menor no fluxo de capitais, com queda de 16%. Na África, a redução foi de 28%, contra 25% na América Latina e uma contração de apenas 12% na Ásia.

“Na América do Sul, os fluxos para o Brasil caíram quase pela metade, para 18 bilhões de dólares, com a paralisação do programa de privatização lançado no ano passado”, indicou a agência da ONU. James Zhan, diretor do Departamento de Investimentos da entidade, explicou que outro fator que pesou foi a dimensão que a pandemia ganhou no Brasil, dificultando a atração de investimentos. O Brasil é um dos líderes em mortes pela covid-19, de acordo com os dados da OMS. (…)

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PS do DCM: Queda tão acentuada, acima da média da América Latina, não se explica pela pandemia. A causa tem nome é sobrenome. É Jair Messias Bolsonaro.