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PF prende delegado da PF por vender informações a donos de garimpo

Polícia Federal

De Fabiano Maisonnave na Folha de S.Paulo.

A Polícia Federal prendeu um delegado da própria instituição nesta terça-feira (15), em Santarém (PA). Alexandro Cristian dos Santos Dutra é acusado de vender informações a donos de garimpo da região do rio Tapajós, a maior área de mineração ilegal de ouro do país.

A prisão temporária de Dutra, decretada pela Justiça Federal de Itaituba (PA), foi revelada pelo Blog do Jeso e confirmada pela Folha. Em nota, a PF informou que “um servidor público federal teria recebido ao menos R$ 150 mil de garimpeiros da região de Itaituba, como forma de ‘blindá-los’ de eventuais ações policiais”. O comunicado não mencionou que se trata de um delegado.

Segundo a PF, um lobista dos mineradores intermediava o pagamento ao delegado e repassava as informações privilegiadas. À época, Dutra estava lotado em Itaituba.

Além do delegado, o suposto lobista, de nome Paulo Ney, também foi preso na terça. Em paralelo, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em Santarém, Itaituba e São Paulo.

Batizada de Fool’s Gold (ouro de tolo, em inglês), a operação da PF visa “desarticular um grupo criminoso investigado pelos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, violação de sigilo funcional, advocacia administrativa e associação criminosa”.

Em 2017, Dutra, à época em Itaituba, abriu um inquérito com o pretexto de investigar por que os repórteres da Folha Fabiano Maisonnave, que assina este texto, e Avener Prado foram convidados pelo Ibama para acompanhar ações contra mineração ilegal de ouro.

Intimados a depor, os repórteres foram questionados sobre os valores de seus salários e sobre os detalhes da destruição, por parte do Ibama, de uma balsa de garimpo no rio Jamanxim, afluente do Tapajós. O operativo ocorreu dentro de área protegida federal, vetada à mineração.

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