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Testa de ferro de Edir Macedo serviu de moeda de troca para golpe contra Dilma, diz Cunha em livro

Michel Temer e Marcos Pereira

Em reportagem da Veja com revelações do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha sobre os bastidores do golpe contra Dilma, em 2016, ele enquadra Michel Temer como conspirador e traidor. “Temer não só desejava o impeachment como lutou por ele de todas as maneiras — ao contrário do que ele quer ver divulgado sobre o assunto”, afirma.

Cunha diz que Temer estava disposto a negociar “cada espaço a ser dado a cada partido ou deputado que iria votar a favor da abertura dos trâmites”. Um deles foi a nomeação do bispo Marcos Pereira, comandado de alta confiança do dono da Igreja Universal, Edir Macedo, para o Ministério da Indústria e Comércio Exterior.

Na sucessão de Rodrigo Maia na presidência da Câmara, Bolsonaro pensou em indicar Marcos Pereira, mas a situação para o bispo, criado na igreja de Edir Macedo – ele não conheceu a mãe – desandou quando veio à tona os métodos que estavam sendo utilizados nos bastidores, com negociação de verbas e ministérios, além de perdão de dívidas às igrejas – no fim, Arthur Lira (Progressistas-AL) acabou assumindo a função.

Leia o trecho abaixo:

(…) Há um nome que, por razões óbvias, aparece constantemente do início ao fim de seus relatos: Michel Temer. Cunha o coloca na prateleira de conspirador e traidor. Diz que, desde o momento zero, o correligionário trabalhou arduamente pelo impeachment, inclusive negociando cargos do futuro governo antes mesmo de o processo estar sacramentado na Câmara.

“Temer não só desejava o impeachment como lutou por ele de todas as maneiras — ao contrário do que ele quer ver divulgado sobre o assunto”, escreve. “Jamais esse processo de impeachment teria sido aprovado sem que Temer negociasse cada espaço a ser dado a cada partido ou deputado que iria votar a favor da abertura dos trâmites.”

Cunha diz que recebia as demandas dos parlamentares e as levava a quem seria o dono da caneta. Temer avalizava praticamente tudo, garante, na busca por votos pela deposição de Dilma. Um dos exemplos citados foi a nomeação de Marcos Pereira, do Republicanos, para o Ministério da Indústria e Comércio Exterior. Procurado por VEJA, o ex-presidente não quis comentar as memórias do ex-aliado. (…)