Exclusivo – “Tinha helicóptero e barco. Era laranja burro”, dizem amigos do suplente do Major Olímpio, do escândalo no Paraguai

Atualizado em 8 de setembro de 2019 às 11:09
Alexandre Giordano, Bolsonaro, Marcos Pontes e Major Olímpio. Foto: Reprodução/ Instagram

Há dois meses, um escândalo envolvendo um grupo brasileiro chamado Léros, Itaipu e o governo do Paraguai sacode o mundo político.

O jornal paraguaio ABC Color afirmou que executivos da Léros realizaram pelo menos duas viagens em aviões privados ao país em abril e junho deste ano.

Nas duas viagens estava presente o empresário Alexandre Giordano, suplente do senador Major Olímpio do PSL de São Paulo.

Todos estariam envolvidos numa negociação secreta com a Ande, considerada a Eletrobras do país, para comprar energia do Paraguai produzida pela hidrelétrica de Itaipu.

A prática é proibida e quase provocou o impeachment do presidente Mario Abdo Benitez. Ou seja, é um escândalo internacional envolvendo o suplente de um homem forte de Bolsonaro e o Paraguai.

A revista Época descreveu Alexandre Luiz Giordano como um “clássico self-made man”.

De acordo com a publicação, o empresário de 46 anos teria começado a vida profissional aos 13 anos ajudando a mãe a vender cachorros-quentes na região da 25 de Março, a famosa rua de comércio popular de São Paulo.

Ele teria hoje uma série de negócios, que vão de serviço de instalações metálicas a empresas de mineração de areia. Giordano também compra e vende imóveis e possui uma locadora de caminhões e guindastes.

Para a Época, Giordano disse que foi apenas uma vez para Assunção e que estava envolvido no escândalo “à toa”. A história real é outra.

Alexandre Giordano e Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução/Instagram

Quatro amigos próximos de Giordano falaram ao DCM e contaram a história de seu enriquecimento. Eles mandaram documentos e declarações sob a condição de permanecer no anonimato.

“Ele tinha helicóptero e até barco. Enriqueceu rápido demais”, disse um deles.

Alexandre Luiz Giordano casou-se no início dos anos 2000 e, segundo essas pessoas, não tinha dinheiro para sequer pagar consultas médicas de sua mulher gestante. Começou com uma empresa estruturas metálicas.

“Nesse primeiro empreendimento, ele já tinha esquemas para atuar em contratos públicos”, explica um dos amigos. Fez-se na prefeitura de Marta Suplicy do PT e depois se aproximou de José Aníbal e Bruno Covas.

“Com o Bruno, o relacionamento era muito próximo. Eles viajavam juntos”.

Em uma certa ocasião, durante uma reportagem de TV sobre compras de Natal da Globo, de acordo com a fonte, sua mulher acabou expondo a aquisição de um helicóptero.

O caso virou um desentendimento familiar por chamar atenção. No entanto, os contatos políticos de Giordano foram se ampliando.

“Ele se aproximou do Olímpio desde a época que ele tentou ser prefeito de São Paulo. Sempre teve uma natureza corrupta, porque nunca deixou de se gabar de ter se formado em direito ‘presenteando professores’. A vaidade se mostrava na ostentação de casa em Ubatuba, carros importados, jipe da marca Hammer, além de um verdadeiro castelo na Serra da Cantareira, em Mairiporã”.

Quem faz o intermédio entre Giordano e o clã Bolsonaro é o próprio Olímpio.

Quais são as empresas de Alexandre Giordano

As empresas de Alexandre Giordano. Foto: Reprodução

O nome de Alexandre Luiz Giordano aparece em pelo menos seis empresas: IBEF Indústria Brasileira de Estruturas de Ferro (Mineração); Lobel Indústria, Comércio, Importação e Exportação; Multimineração – Extração de Minérios; Associação Brasileira das Empresas de Coleta; Grupo Giordano Participações e Família Giordano Indústria e Comércio. Entre os sócios aparecem Juliana Mecenero, sua mulher, e Maria Pereira Giordano, sua mãe.

Na declaração de contas de campanha como suplente, Giordano declara um patrimônio de R$ 1,5 milhão e duas embarcações: uma Pérola Negra de R$ 620 mil e uma Star 6 de R$ 35 mil. Entre suas empresas, a Lobel é a que vale mais: R$ 570 mil na declaração.

“Ele se desfez do helicóptero, mas não deixou os barcos. É o tipo de ‘laranja burro’: chama muito a atenção”, diz uma das fontes. A mesma pessoa falou de parcerias dele em Goiás.

Prestação de contas de Alexandre Giordano, o suplente do Major Olímpio. Foto: Reprodução

“Falou em nome do clã Bolsonaro”

Uma reportagem de André Barrocal na Carta Capital explica que Alexandre Giordano esteve no Palácio do Planalto em 27 de fevereiro deste ano.

Giordano entrou no Planalto às 8h59. Na manhã do dia anterior, o presidente Jair Bolsonaro tinha viajado a Foz do Iguaçu, a cidade-sede da hidrelétrica.

Lá, havia empossado o novo diretor-geral da usina, pelo lado brasileiro, o general Joaquim Silva e Luna. Benitez participou da cerimônia.

A informação é do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o órgão responsável pelo controle de acesso nas dependências da Presidência da República.

Foi dada ao deputado paulista Ivan Valente, líder do PSOL na Câmara, em resposta a um pedido feito com base na Lei de Acesso à Informação (LAI).

O DCM entrou em contato com a assessoria do senador Major Olímpio e com o suplente para ouvir o outro lado, sem resposta por email e telefone.

O espaço está aberto para manifestações deles.