“Foi uma convulsão, não uma convenção”: o surpreendente deputado que definiu à perfeição o PSDB. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 9 de julho de 2015 às 7:42
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Jean Wyllys resumiu bem: a mais perfeita descrição do PSDB veio de onde ninguém esperava.

Não de um intelectual petista ou progressista, não de um político habituado a frequentar primeiras páginas ou manchetes, não de um tucano revoltado com a trajetória revoltante que o PSDB tomou nos últimos anos.

Veio, num jorro histórico, de um deputado federal virtualmente desconhecido, e pertencente a um partido de segunda linha, o PSC. Não à toa, o vídeo viralizou nas redes sociais.

Sílvio Costa é o nome.

Certas verdades, muitas vezes, esperam uma voz que as pronuncie.

Foi o que aconteceu.

Costa, com humor, chamou a convenção do PSDB de convulsão. Poderia ter chamado de confissão, uma vez que Aécio afirmou que seu partido faz oposição ao Brasil, numa das raras verdades que  ele disse em muito tempo.

Costa começou pela hipocrisia demagógica do PSDB.

Como o mesmo partido que fez o diabo para aprovar a reeleição quando era de seu interesse agora, tão pouco tempo depois, se volta contra ela?

É sabido que deputados foram comprados para votar a favor da reeleição por 200 mil reais em espécie, em valores da época. Hoje é coisa de três vezes mais.

O que era menos conhecido foi a distribuição de concessões de rádios, sob o silêncio cúmplice e criminoso da imprensa.

Costa lembrou também o ataque oportunista que o PSDB faz, agora, a medidas econômicas acertadas que ele próprio tomou no poder.

Um exemplo é o chamado fator previdenciário, que disciplina as aposentadorias.

Sem coerência não se tem nada, disse Costa. E o PSDB se tornou visceralmente incoerente.

Como matraquear sobre os 39 ministérios de Dilma quando o governo Alckmin, com muito menos atribuições, tem 29?

Costa definiu brilhantemente também os líderes tucanos.

O problema de FHC é a inveja que sente de Lula, porque este é amado pelo povo, e ele desprezado.

Aécio é o “Menino do Rio”, já não tão menino assim, a rigor. As pessoas mangam dele, disse Costa. (Mangar é zombar, no linguajar do Norte.)

Mangam porque ele se comporta como um vencedor de Waterloo depois de ter fracassado miseravelmente nas eleições.

Não apenas perdeu para Dilma, mas viu os mineiros, que ele dizia amá-lo incondicionalmente, enxotá-lo.

O PSDB age, em sua fase terminal, como se o Brasil fosse uma República das Bananas, em que você pode buscar qualquer pretexto para anular dezenas de milhões de votos.

Conte as razões, ou desrazões, citadas pelos tucanos desde sua derrota para tentar dar um golpe na democracia.

Isso não colou? Tentemos aquilo. Não pegou? Ah, então experimentemos isso aqui.

É patético, é canalha, é indecente.

O Brasil não é uma República das Bananas. O PSDB sim: tem a alma viciada de um daqueles partidos vendidos de direita que abundavam em países como a Guatemala na década de 1950.

Volto a Costa, e termino com mais uma de suas frases irretorquíveis.

“O inacreditável é que o PSDB acredita que os brasileiros acreditam nele.”

Parece poesia.

Palmas. Palmas de pé.

Clap, clap, clap.