“Há um cerco a Dilma em pleno Alvorada.”

Atualizado em 20 de maio de 2016 às 2:53
Dilma no Alvorada: controle estrito
Dilma no Alvorada: controle estrito

Viralizou nas redes sociais, na noite desta quinta, uma denúncia segundo a qual Dilma estaria “sitiada” no Palácio da Alvorada. Um jornalista com acesso às reais informações contou ao DCM o que está ocorrendo. Abaixo, seu relato:

O negócio é o seguinte. Dilma não tem mais a menor segurança sobre a sua segurança. O gabinete de segurança institucional (GSI) da Presidência é ocupada agora por um militar linha dura, o general Sergio Etchegoyen. Foi o primeiro a aderir a Temer. E ele é ninguém menos que o filho do general Leo Etchegoyen, citado no relatório da Comissão Nacional da Verdade.

O filho não perdoa Dilma por isso. Por conta da memória “afetuosa” do pai. Ele criticou muito o governo dela por isso. A informação é pública e você acha no Google.

Assim, o fato é que o GSI controla todos os aspectos da segurança presidencial, começando pela barreira instalada no Jaburu.

Qualquer pessoa que entrar para seguir ao Alvorada tem de se identificar. Foi o que ocorreu com Jorge Viana, hoje. Ele é o vice-presidente do Senado. E estava acompanhado do próprio Renan.

Então, some todos os fatos ocorridos nos últimos dias. Das demissões de todas as secretárias do 3° andar do Planalto, passando pela humilhação ao Catalão, garçom mandado embora por ser “petista demais”, estão pegando pesado. isso se chama retaliação.

O GSI sabe quem entra e sai do Alvorada. Portanto, todas as visitas a Dilma são informadas ao general Etchegoyen. Não dá para afirmar, mas é evidente que eles podem até mesmo grampear o Alvorada — lembre-se o grampo feito na conversa da própria Dilma com Lula, ocorrida semanas antes da primeira fase do impeachment passar pela Câmara. Aliás, este foi o gatilho para criar o clima que engrossou a crise política.

Então, desde a semana passada há um clima de tensão entre o GSI provisório e a presidenta eleita. Eles reduziram, por exemplo, a segurança dela. Para você ter ideia, a negociação para ela utilizar o jato Legacy não ocorreu em condições normais. Não foi num clima civilizado. Afinal, queiram ou não, Dilma foi afastada do cargo, mas ainda é a presidenta eleita. E o governo liderado pelo usurpador quer asfixiá-la. Os novos ocupantes do Planalto querem o aniquilamento político dela.

A questão do avião é muito sensível.

Tanto que, na Justiça Federal, os golpistas já entraram com ações para impedi-la, por exemplo, de usar aviões da FAB ou qualquer tipo de “mordomia”. Isso ocorreu no Rio Grande do Sul.

Então, o clima é, digamos, inamistoso.

E o GSI, obviamente, trata de dissimular isso. Mas hoje, no “Radar” da Veja — aqui: http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/impeachment/dilma-tem-helicoptero-e-comitiva-para-viagem-negados/ — Vera Magalhães publicou que Dilma pediu helicóptero para se deslocar para a base aérea. E quis usar o “Number One”, o avião presidencial.

Mentira.

A FAB negou que isso tenha ocorrido. O Alvorada negou que isso tenha ocorrido. Mas o governo provisório bancou e insiste que tal fato ocorreu. A Presidência manteve a informação para o Radar. Veja no pé da nota de Vera. E, o Alvorada insiste, isso não ocorreu. Não é verdade.

Então, é evidente que há um cerco a Dilma. Em pleno Alvorada.

A Linha Dura do GSI sabe qualquer passo dela. E, evidente, informa tudo o que ocorre no Alvorada ao presidente provisório. Daí porque Jorge Viana ficou furioso. Da tribuna do Senado, fez estardalhaço. Quer que Temer se comporte com decência. Que se comporte como um democrata. E, por fim, Jorge fez “o apelo” para que o estado de sítio imposto ao Alvorada seja suspenso.

O governo provisório – é assim que deve ser nominado — não quer que o povo chegue lá perto dela. No domingo, pessoas daqui de Brasília querem ir para a porta do Alvorada e saudar Dilma. Isso deve ocorrer pela tarde, às 16 horas. O GSI vai ter de se explicar.

O que está acontecendo não é lorota. É sacanagem mesmo. Chegou-se a avaliar levar Dilma amanhã no encontro de blogueiros com transporte alternativo.

É assim que o governo provisório usa do poder presidencial para impedir Dilma de ir pra rua.