O padrão do bolsonarismo é ofender, pedir desculpas e voltar a ofender. Por Moisés Mendes

Atualizado em 14 de agosto de 2020 às 8:00

A juíza racista aumentou a pena de um negro por achar que ele pertence a uma ‘raça’ de criminosos, mas pediu desculpas. O sujeito que acusou Felipe Neto de ser pedófilo pediu desculpas. O bolsonarista que filmou uma moça fazendo yoga no Rio e fez comentários canalhas no vídeo pediu desculpas. Onyx Lorenzoni achava que caixa 2 era crime para cadeia, mas pegou dois caixas 2 e pediu desculpas.

Bolsonaro divulgou um vídeo com mentiras e pediu desculpas. Eduardo Bolsonaro pediu desculpas à China depois de fazer ataques xenófobos aos chineses. Carlos Bolsonaro atacou o Supremo e pediu desculpas. O desembargador que deu carteiraço e ofendeu os guardas em Santos pediu desculpas e no dia seguinte se arrependeu de ter pedido desculpas. Um comentarista de futebol disse que o jogador de futebol Marinho, do Santos, deveria voltar para a senzala, mas logo pediu desculpas.

Bettina, a falsa milionária da Empiricus, inventou ter ganho R$ 1 milhão para enganar otários e pediu desculpas. Luciano Huck definiu uma mulher solteira como uma pessoa abandonada e pediu desculpas. Uma procuradora da Lava-Jato debochou da morte de dona Marisa Letícia e pediu desculpas. Paulo Guedes disse que a mulher de Emmanuel Macron é feia e pediu desculpas. Eduardo Bolsonaro defendeu a volta do AI-5, disse que foi mal interpretado e pediu desculpas aos que não interpretam direito o que ele diz.

Roberto Alvim defendeu o nazismo categoricamente e pediu desculpas pelo erro involuntário. Garçons de um bar de Gramado fizeram a dança do caixão da pandemia, debocharam dos mortos e pediram desculpas. Paulo Guedes disse que até empregadas domésticas iam à Disney na Era Lula e pediu desculpas. O mesmo Guedes chamou servidores públicos de parasitas e pediu desculpas. Abraham Weintraub fez piadas racistas com a China e pediu desculpas, mas desde que a China vendesse respiradores a preço de custo ao Brasil.

A Volks fez um vídeo racista em que um negro não podia chegar perto de um carro Golf, mas pediu desculpas. A Bombril lançou a esponja racista Krespinha e depois pediu desculpas ao negros. Todos os reacionários brasileiros e seus aparentados fascistas dizem o que acham que devem dizer para depois pedirem desculpas, mas continuam ofendendo e cometendo crimes porque continuam impunes. O pedidor de desculpas é um criminoso reincidente, fortalecido pelo bolsonarismo.

Os publicitários que inventaram os anúncios racistas da Volks e da Bombril, mais o Weintraub, mais a juíza racista, os filhos de Bolsonaro racistas, o Bolsonaro racista, todos são da mesma turma dos pedidores de desculpas.

O Brasil vem aceitando todos os pedidos de desculpas deles. Não é improvável que ao fim disso tudo Bolsonaro seja anistiado por todos os seus crimes depois de um pedido de desculpas.