O que se sabe até o momento a respeito da morte de Sabrina Bittencourt

Atualizado em 4 de fevereiro de 2019 às 14:33
Aos 37 anos, Sabrina Bittencourt sofre ameaças de morte constantemente (Foto: Arquivo Pessoal)

Publicado originalmente na Carta Capital

POR THAIS REIS OLIVEIRA

Os detalhes da morte de Sabrina Bittencourt, a ativista que revelou as denúncias de abuso sexual de João de Deus e outros líderes religiosos, ainda são incertos. Passado um dia desde a alegação do suicídio da ativista, colegas e familiares dão respostas diferentes sobre como e onde ela morreu.

A notícia veio a público às 11h24 do domingo 3, através de uma nota assinada por Maria do Carmo Santos, fundadora da ONG Vítimas Unidas, do qual Sabrina participava. De acordo com o comunicado, a ativista se suicidara em Barcelona por volta das 21h do sábado, deixando uma carta de despedida.

No texto, o grupo também pedia “a todos que não tentem entrar em contato com nenhum integrante da família, preservando-os de perguntas que sejam dolorosas nesse momento tão difícil”.

Gabriel Baum, filho mais velho da ativista, de 16 anos, é o único parente próximo a se pronunciar sobre a morte. As declarações do adolescente contradizem a versão apresentada pela nota da ONG – segundo ele, a mãe morreu no Líbano e será enterrada naquele país.

Gabriel contou ainda que se encontrou com a mãe pela última vez em Paris, antes de ela seguir para Barcelona e, mais tarde, para o Líbano com a namorada. O ex-marido, Rafael Velasco, estaria em estado de choque e medicado. Gabriel tem dois irmãos, de 8 e 10 anos de idade.

Ele também reagiu às cobranças por informações mais consistentes sobre a morte da mãe. “O corpo é dela e nenhum governo, youtuber, jornalista sensacionalista e gente corrupta de merda vai agora querer caçar também o corpo dela! Deixem minha mãe em paz”, escreveu nas redes sociais.

Na última postagem que fez, na madrugada desta segunda 4, Gabriel diz que o corpo da mãe não será ‘troféu’ e nem tocado sem consentimento.

Em entrevista à Época, o jovem disse que a família não autoriza a embaixada brasileira a repassar nenhuma informação sobre a morte. O Itamaraty só divulga informações sobre a morte de terceiros sob autorização da família.

Também à revista, Gabriel disse que o velório acontecerá no Líbano dentro de alguns dias. Segundo ele, devem comparecer a namorada, o ex-marido Rafael, ele, os dois irmãos e duas líderes espirituais.

A reportagem entrou em contato com as embaixadas brasileiras em Beirute, capital do Líbano, e Barcelona para verificar se há registros de uma mulher brasileira nos últimos três dias, mas não obteve resposta.

“Pra mim, a Sabrina partiu”

Maria do Carmo Lopes falou pela primeira vez sobre o caso nesta segunda.  A ativista conta que soube da morte da amiga por Gabriel, via recado nas redes sociais, e que acabou se confundindo ao informar o local onde ela teria sido encontrada.

“Entendo essa angústia de vocês, eu entendo que as pessoas queiram saber. O que eu, Maria do Carmo sei e posso provar: conversei com Sabrina no sábado, três, quatro horas da tarde, quase uma hora. Conversamos longamente, conversamos sobre o desânimo de secar gelo. E não só de ter que ficar denunciando, mas se antecipar os que os bandidos de colarinho branco em Abadiânia (…) Sá estava muito desanimada, a sensação é de que a gente está secando gelo. Ela estava longe dos filhos, tendo que se esconder e etc. Essa foi a nossa conversa. Disse a ela que faria uma live, às 7, 8 da noite. As 18h58, Sabrina me ligou e eu não atendi”, disse a ativista em transmissão ao vivo nas redes sociais.

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