Roda Viva de Greenwald: um jornalista cercado de advogados medíocres da Lava Jato. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 3 de setembro de 2019 às 5:54
Glenn Greenwald (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Entra apresentador, sai apresentador e o Roda Viva continua, na essência, a mesma sopa.

Dependendo do entrevistado, não sendo amigo da casa, o clima é de inquisição.

No caso de Glenn Greenwald, convidado desta segunda, dia 2, a missão da bancada era mostrar seus métodos criminosos à frente do escândalo da Vaza Jato.

Um editor do Globo, Gabriel Mascarenhas, conseguiu perguntar o seguinte: ”Você defende a anulação sumária de todos os processos e condenações da Lava Jato?”

O editor do Intercept falou o óbvio: não é jurista e não pode responder.

A âncora Daniela Lima ressuscitou a tese apocalíptica de que a revelação das mensagens resultaria na soltura de “Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima”, entre outros. 

Faltaram o Drácula, o King Kong, o Michael Jackson e o Charles Manson.

Ora.

Se o processo deles estiver viciado e se o entendimento do Supremo for esse, que tenham um novo julgamento.

Ana Maria Campos, do Correio Braziliense, bateu o recorde de enrolação em torno do nada para chegar a lugar nenhum.

Num fórum de jornalistas, é espantoso que NINGUÉM tenha tido curiosidade sobre as ilegalidades de Dallagnoll e Moro.

Ninguém.

Um show de despreparo de um bando de gente repetindo a mesma papagaiada de Deltan e seus cometas sobre os hackers de Araraquara.

Uma noite de advogados medíocres da Lava Jato, tentando arrancar uma delação de Glenn Greenwald.

“Não seria mais fácil demitir repórteres e contratar hackers?”, questionou uma fulana. Jesus amado.

No tocante — como gosta Bolsonaro — a profissionais como aqueles, seria uma excelente troca.

Se serviu para alguma coisa, o Roda Viva expôs o baixo nível do jornalismo corporativo brasileiro.

De onde menos se espera é que não vem nada, mesmo.