Salvador fez bonito nas ruas na greve geral. Por Nathalí Macedo

Atualizado em 15 de março de 2017 às 20:25
Salvador contra o governo
Salvador contra o governo

Falou-se em 100 mil pessoas na manifestação contra a reforma da Previdência hoje, no Campo Grande, em Salvador. Nada surpreendente, acaso não tivesse havido outro protesto pela manhã, na Avenida Paralela, com o mesmo número aproximado de manifestantes.

Por aqui, o transporte público não parou, mas encontrou muitos entraves e precisou mudar de rota o dia inteiro. Salvador fez bonito nas ruas: professores, jovens, artistas, aposentados e a periferia em peso.u

No meio do percurso da manifestação, já parecia festa. Gente de todas as cores e credos unida num só grito. Michel Temer aparentemente conseguiu o impossível: unir um Brasil polarizado (contra ele, é claro).

Os protestos pelo Brasil, aliás, não são apenas contra a reforma da Previdência (embora seja esta uma questão preponderante). São contra Temer (e já não era sem tempo).

As demandas foram diversas. Além de não à reforma da Previdência, dissemos não ao atraso de um governo misógino sem mulheres nos Ministérios, à reforma trabalhista e, sobretudo e mais uma vez, não ao golpe.

País afora, as manifestações de hoje provaram que, no Brasil, se pode destituir uma presidenta eleita sem crime de responsabilidade, congelar os gastos com saúde, educação e segurança por vinte anos, trazer de volta o primeiro-damismo e conceder “perdão presidencial” a um pedófilo, mas mexer na Previdência já é vandalismo.

A repórter do DCM em ação em Salvador
A repórter do DCM em ação em Salvador

Não reclamo. Importa que o povo esteja unido em torno de um ideal (de preferência com alguma eficiência, como foi o caso).

Apesar do orgulho, senti falta do Movimento Estudantil da Bahia, tão presente na trajetória baiana contra o golpe mas que, hoje, não deu o ar da graça. Não é hora de segregar ou recuar.

Jamais houve momento tão apropriado para movimentos sociais e sociedade civil unirem-se de fato contra o ilegítimo.

Temo – com o perdão do trocadilho talvez inapropriado – que as ruas percam o fôlego, mas, afora essa possibilidade, nunca estivemos tão perto de uma mudança efetiva no Brasil.

Como se podia ler nas camisetas de alguns manifestantes hoje, “um dia pode mudar tudo.”

Temer não resiste a um Brasil unido.