Sara Winter mexeu com fogo ao ameaçar Alexandre Moraes. Por José Cássio

Atualizado em 28 de maio de 2020 às 0:55
Ela está mexendo com fogo e não sabe

A melhor definição para a expressão ‘capa preta’, que em política significa alguém muito poderoso, pode ser atribuída a Alexandre de Moraes, que a bolsonarista Sara Winter, alvo de operação da Polícia Federal sobre fake news, resolveu afrontar em um vídeo na manhã desta quarta.

“Eu queria trocar soco com esse filho da puta desse arrombado”, disse a integrante do acampamento “300 do Brasil”.

Famosa por disseminar discurso de ódio, ameaçou.

– O senhor mora em São Paulo, né? Então nos aguarde. A gente vai descobrir os lugares que o senhor frequenta. As empregadas que trabalham na sua casa, vamos infernizar a sua vida até o senhor pedir para sair.

Quem conhece Alexandre Moraes sabe que Sara Winter falou além da conta e que quem terá a vida atormentada daqui para a frente é ela, não o ministro do STF.

Formado em Direito pela Universidade de São Paulo, Morares é tido como o melhor entre os melhores de sua geração.

Ingressou no ministério Público e teve carreira brilhante como promotor de Justiça. Foi presidente da Febem, secretário de Justiça e Cidadania, secretário dos Transportes da capital, secretário estadual de Segurança Pública e ministro da Justiça de Temer, até ser nomeado para a Corte.

Para Sara Winter ter noção da dificuldade que terá na sua tentativa de ‘infernizar’ a vida do ministro, apenas um detalhe: Moares é um dos homens fortes da área da segurança em SP e, metódico, não costuma dar sopa para o azar.

Durante o período em que ocupou a pasta dos Transportes, entre 2007 e 2010, ficaram famosas as suas espetaculosas chegadas para o trabalho, no prédio da secretaria, na rua Boa Vista.

Um grupo de seguranças aparecia antes, organizava tudo, liberava o elevador e só então ele aparecia. Subia sozinho – nem o prefeito Gilberto Kassab era tão cuidadoso.

Moraes sequer carrega sua pasta de trabalho, como é possível notar todas as vezes em que chega para dar expediente no STF.

Quis ser candidato ao governo de São Paulo, mas acabou desistindo em função do seu temperamento: sisudo, de poucas palavras, tinha dificuldade no contato com populares.

Não me surpreendi quando Moares tomou a frente nesse processo de desmonte da farra das fake news bolsonarista.

Para enfrentar essa milícia, só mesmo um ‘capa preta’ do calibre dele, com ligações consistentes nos setores de segurança e notória capacidade na sua área de atuação.

Da sua barraca da Havan instalada na Esplanada dos Ministérios, falando besteira, Sara Winter não vai sequer fazer cócegas em Moraes. Pode escrever para me cobrar depois.