The coup is on the table: a patrulha de jornalistas brasileiros sobre correspondentes internacionais. Por Pedro Zambarda

Atualizado em 20 de abril de 2016 às 9:15

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Uma blogueira de um grande jornal de São Paulo foi uma das pessoas que comentou sobre a patrulha com correspondentes internacionais: “reparei que o editor-chefe da [revista] Época tem tuitado sobre o impeachment em inglês. São mesmo vários tuites. Alguém sabe do que se trata?”.

Ela comentava sobre Diego Escosteguy, que tenta vender seu peixe em inglês desde março deste ano. “Dilma e seu grupo estão acusando políticos brasileiros, juízes, promotores e jornalistas estarem armando um golpe. Isso é mentira”, escreveu.

Desespero de causa diante da ampla condenação do golpe no exterior? Sim. E ele não está sozinho nisso.

Escosteguy, Caio Blinder e Eliane Cantanhêde estão na linha de frente do exército que quer emplacar sua versão do impeachment na imprensa internacional. Glenn Greenwald tem sido a vítima predileta desse pessoal.

Entre outras matérias sobre o golpe, seu site Intercept falou de uma viagem do senador tucano Aloysio Nunes até Washington depois da votação do impeachment para tentar reverter a opinião internacional. Greenwald também foi até o programa de Christiane Amanpour da CNN.

“A arenga CNN do Greenwald continua, pontificando sobre plutocracia no golpe contra Dilma. Ele está indignado com as coisas e eu com ele”, disse Blinder. “Mais um dos meus jornais favoritos me decepciona. Em editorial, El País diz que impeachment não resolve nada”.

Os correspondentes internacionais acabaram reagindo. Jan Piotrowski, da revista Economist, escreveu: “Já fui acusado de ser desde paraquedista até papagaio da agenda neoliberal de Londres”.

Mauricio Savarese, brasileiro que trabalha para a Associated Press (AP) no Rio de Janeiro, respondeu: “A nova onda agora é afirmar que correspondentes internacionais não entendem sobre Brasília porque eles estão de férias no Rio de Janeiro”.

Uma das “acusações” é a de que eles não moram em Brasília. “Nem todos nós moramos fora de Brasília”, disse Anna Edgerton, correspondente da agência americana Bloomberg na capital.

Simon Romero divulgou uma reportagem do New York Times com duas opiniões sobre o impeachment de Dilma Rousseff. O jornalista Alex Cuadros, que passou pela Bloomberg, afirma que o problema do PT no poder é profundamente político. O jornal americano também ouviu a economista Laura Carvalho, que defende que o processo é um golpe de Estado.

“Acho muito curioso que as pessoas que detêm a narrativa da crise no Brasil lamentem não deterem a narrativa da crise lá fora. Quanta arrogância. Correspondentes viajam mais pelo Brasil do que os que vivem de disputar café da manhã com autoridade em Brasília. Sabem do que escrevem. Todo mundo comete erros e ninguém é perfeito. Mas esse ataque contra os correspondentes é inaceitável. Eles podem publicar uma ou duas reportagens equivocadas. Mas toda a cobertura deles é errada? Todos estão cobrindo errado? Isso é impossível”, resumiu Mauricio Savarese da AP em sua conversa com três correspondentes no Twitter.

Para o jornalista, os repórteres internacionais são chamados de maneira errada de “pró-Dilma” quando só estão apurando as informações que são interessantes ao público.