VÍDEO – “Você achava que eu era branco?”: o encontro de Jesus com um cidadão de bem desesperado

Atualizado em 24 de dezembro de 2019 às 14:36
Ilustração de Jesus feita pelo especialista Richard Neave para documentário da BBC

Em 2001, a BBC produziu um documentário chamado “Filho de Deus”, baseado na descoberta, na Palestina, de um crânio do século I.

O estudioso do Novo Testamento Mark Goodacre foi o responsável pelas pesquisas a respeito da aparência do cabelo e da cor da pele daquela pessoa.

“As representações artísticas ao longo dos séculos têm uma variação total de Jesus e nenhuma é acurada”, disse ele. De acordo com Goodacre, o cabelo foi fácil.

“Há uma referência em Paulo que diz que é vergonhoso para um homem usar cabelo comprido, de modo que parece quase certo que as pessoas desse período tinham de ter cabelo razoavelmente curto. As representações tradicionais de Jesus com uma longa cabeleira dourada são completamente imprecisas”, afirmava.

As primeiras pinturas retratando judeus, que datam do século III, mostram pessoas de pele escura.

“Na linguagem contemporânea, é mais seguro falar de Jesus como um ‘homem de cor’, o que significa ‘cor de azeitona’”, declara Goodacre.

Com o passar dos séculos, surgiu a imagem de JC como um europeu típico.

Leonardo da Vinci e Michelangelo consagraram uma figura atlética, vencedora e, sim, sensual, coerente com o tempo em que a igreja conquistava o mundo.

Em 1941, o artista Warner Sallman pintou JC como um legítimo americano.

Uma série de humor britânica abordou raça e religião em um esquete sobre um cidadão de bem que encontra Jesus.

Ele está desesperado numa igreja evocando a presença divina e a encontra.

Infelizmente, o salvador não era o que ele esperava. Era negro.

— Quem é você?, o homem pergunta, atônito.

— Sou eu, Jesus. Você achou que eu era branco?

— Sim.

— Você ouviu minha história? Fui preso e espancado por um crime que não cometi. Essa merda não acontece com os brancos.

— E havia uma confusão a respeito de quem era seu pai…

— Ok, isso é racista.

Se os bolsonaristas enlouqueceram com o Jesus gay da Porta dos Fundos, imagine quando descobrirem que ele nunca foi ariano.