Bolsolão do lixo: Dinheiro público é usado para comprar caminhões superfaturados

O investimento do governo federal na coleta de lixo, um serviço  essencial no bem-estar da população, virou foco de despesas milionárias e  fora do padrão.

A compra e distribuição de caminhões para pequenas cidades do país saltaram de 85 para 488 veículos de 2019 para 2021.

Durante dois meses, uma equipe do jornal Estadão analisou cerca de 1,2  mil documentos referentes à aquisição de veículos com verbas do  orçamento federal, incluindo relatórios, planilhas e vídeos.

A distribuição dos caminhões é usada por senadores, deputados e  prefeitos para conquistar o voto e simpatia dos eleitores nessas  cidades.

A diferença nos preços de compra de modelos idênticos em alguns casos  chegou a 30%. Em outubro, o governo adquiriu um caminhão por R$ 391  mil, mas menos de um mês depois o mesmo veículo custou R$ 505 mil.

Em agosto de 2021, o senador Collor postou uma foto ao lado do caminhão de lixo na cidade de  Minador do Negrão (AL). Comprado com recursos de emenda parlamentar, o caminhão é um dos maiores disponíveis no mercado

Barra de São Miguel (AL), cidade governada por Benedito de Lira  (Progressistas), pai do presidente da Câmara, Arthur Lira  (Progresssistas), ganhou três caminhões compactadores, do modelo grande,  sendo duas em 2020 e uma em 2021.

Leopoldina Amorim (PSD), prefeita da cidade, disse que já enviou diversos pedidos a políticos do estado. “Até agora nenhum filho de Deus lembrou. Estou quase maluca, esperando que chegue esse caminhão”.