Organizações brasileiras defendem libertação de Julian Assange em evento da ONU

Organizações brasileiras, entre elas a Associação Brasileira de  Juristas pela Democracia (ABJD) e o Movimento Nacional de Direitos  Humanos (MNDH), realizam na quinta-feira (23) um evento online em defesa  da libertação do fundador do WikiLeaks, Julian Assange. O jornalista  australiano é acusado de espionagem após publicar centenas de milhares  de documentos secretos a partir de 2010, segundo reportagem da Folha de  S.Paulo.

As entidades são contra a extradição de Assange para os EUA, que foi aprovada pelo governo britânico no dia 17 de junho.

“O Caso Assange: Solidariedade Internacional e as Sérias Violações e  Precedentes para a Liberdade de Imprensa” vai acontecer paralelamente  com a 50ª Sessão Ordinária da Comissão de Direitos Humanos da ONU. O  evento será transmitido pelo YouTube ao vivo em inglês e português.

Segundo a reportagem, organizadores confirmaram a participação da  mulher de Assange, Stella, e sua advogada, Jennifer Robinson, no evento.  Representantes de organizações internacionais como a Federação  Internacional dos Jornalistas e os Repórteres sem Fronteiras também  estarão presentes.

“Esta será uma excelente oportunidade para denunciar as gravíssimas  violações dos direitos humanos implicadas no caso Assange, além de  pautar o sistema ONU para que tome providências, defendendo as regras do  direito internacional, em especial a Carta da ONU e o artigo 3º da  Convenção Europeia sobre os Direitos Humanos”, disse Mara Carvalho, da  coordenação executiva da ABJD, conforme a reportagem.

A ministra do Interior britânica, Priti Patel, aprovou a extradição de  Assange para os Estados Unidos. Em nota, a pasta afirmou que os  tribunais do país “não consideraram que a extradição seria opressiva,  injusta ou um abuso de processo”. A esposa de Assange diz que ele irá  recorrer da decisão.

O jornalista é procurado por autoridades americanas por 18 acusações  criminais, incluindo espionagem relacionada ao vazamento de registros  militares e telegramas diplomáticos confidenciais via Wikileaks. O  governo dos EUA alega que as publicações colocaram vidas em perigo.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu em defesa de  Assange na sexta. “Que crime Assange cometeu?”, questionou o petista  durante viagem a Maceió. “Se ele for para os EUA, extraditado,  certamente é prisão perpétua e certamente ele morrerá na cadeia.”

“Nós, que estamos aqui falando de democracia, precisaremos perguntar:  ‘Que crime o Assange cometeu?’ É o crime de falar a verdade, mostrar  que os EUA, por meio de seu departamento de investigação, sei lá se da  CIA, estava grampeando muitos países do mundo, inclusive grampeando a  presidenta Dilma Rousseff”, disse Lula.