Veja barganhas de pastores para liberação de verbas no MEC

No dia 22 de junho, a Polícia Federal prendeu o ex-ministro Milton Ribeiro, por suposto  envolvimento em esquemas de corrupção e de tráfico de influência durante  seu cargo no comando do Ministério da Educação.

Além dele, também existem mandados de busca e apreensão contra  pastores-lobistas envolvidos na trama, Arilton Moura e Gilmar Santos,  suspeitos de liberação ilegal de recursos do MEC para prefeituras.

Entre as acusações, relata-se que os pastores cobravam para  intermediar a liberação de recursos para as escolas. De acordo com  relatos de prefeitos para o Estadão, eles eram abordados pelos  religiosos na hora do almoço, puxando uma conversa informal como um  gancho para oferecer descontos na propina que cobravam.

Segundo o professor Kelton Pinheiro (Cidadania), prefeito de  Bonfinópolis (GO), Arilton teria oferecido um desconto de 50% no pedido  da propina durante um almoço em Brasília, e teve o aval de Gilmar. Na  conversa, Arilton diz: ”vou lhe fazer por R$ 15 mil porque você foi  indicado pelo pastor Gilmar, que é meu amigo. Pros outros aqui, o que  estou cobrando é R$ 30 mil”.

Essa proposta teria acontecido após uma reunião de Kelton com o até  então ministro, Milton Ribeiro, e segundo ele, os pastores estavam  sentados ao lado do ex-ministro e logo em seguida deram início ao  diálogo.

Além do desconto na propina, outros pastores relataram terem recebido  pedidos de pagamento em dinheiro e até em ouro para que os pastores  liberassem o valor necessário para as escolas e creches. Segundo  Gilberto Braga (PSDB), prefeito do município de Luís Domingues (MA),  Arilton solicitou R$ 15 mil e um quilo de ouro depois de intermediar os  recursos.

”Ele [Arilton] disse, ”trás um quilo de ouro para mim”. Eu fiquei  calado. Não disse nem que sim e nem que não”, contou Braga, que disse  não ter aceitado a proposta, ao Estadão. A conversa aconteceu logo após  uma reunião com Milton Ribeiro, em Brasília, no horário do almoço.

Ainda segundo o prefeito, o papo era muito ”aberto”, na frente de  todos, inclusive de outros prefeitos, e o pastor chegava a falar quantos  ”milhões” ele mandou para outros políticos que estavam presentes só  para protocolar as verbas do MEC (Ministério da Educação).