O que significa, para o universo da mídia, o fim da edição impressa da Newsweek

Atualizado em 21 de outubro de 2012 às 10:21

A segunda maior revista semanal do mundo perdeu leitores e anúncios para a web até pifar

A mídia impressa não está morrendo. Ela está é agonizando. Quanto tempo vai durar a agonia, ninguém sabe direito. O certo é que hoje jornais e revistas são menores que ontem. E amanhã serão menores do que são hoje.

Um capítulo particularmente doloroso desse declínio acaba de ser anunciado: no final deste ano, deixará de existir a edição impressa da segunda maior revista semanal de informações do mundo, a americana Newsweek. (A primeira é a Time.) Em seus dias dourados, a Newsweek teve mais de 3 milhões de exemplares de circulação.

Os restos mortais da Newsweek estarão na internet. Digo restos mortais porque, no universo digital, a Newsweek não é sombra do que foi na era pré-internet. Ela foi influente e relevante sobretudo nos anos 1960 e 1970. Na internet, é apenas um rosto – e velho – na multidão.

A causa mortis é a mesma de tantos outros jornais e revistas que vão tombando sob o impacto da internet. Menos circulação, menos publicidade, menos repercussão, menos tudo, em suma.

A notícia traz para mim sentimentos ambíguos. Em meus primeiros anos de carreira, na Veja, na década de 1980, a Newsweek era uma referência. A Veja tinha, então, um acordo com a revista pelo qual publicava alguns de seus artigos. David Jansen, o crítico de cinema, era particularmente bom, pelo menos a meus olhos.

Por esse ângulo, lamento. A Newsweek me marcou intensamente, e lendo-a aprendi muitas coisas: era uma revista muito bem escrita e muito bem editada.

Por outro ângulo, a notícia reafirma que o Diário – a poucas semanas de sair de sua fase beta para virar um site de notícias e análises – chega ao lugar certo (a internet) na hora certa.

Os leitores estão maciçamente aqui, na internet. Os anunciantes, como seria de esperar, se empenham por seguir seus consumidores, e por isso vão colocando cada vez mais dinheiro na internet. Recentemente, no maior mercado do mundo, os Estados Unidos, a internet encostou na televisão em faturamento publicitário.

A perspectiva de a tv perder a liderança na publicidade nos Estados Unidos era, até há pouco, simplesmente impensável. Quem vê Mad Men tem uma ideia do que estou falando: os comerciais pareciam imortais e eles fizeram a tv ser o que é hoje. Também a tv, e isto é uma conclusão relativamente nova, vai ser castigada duramente pela internet.

Neste florescente mundo em construção, o Diário não quer ser o maior site de notícias e análises do Brasil, até porque abdicamos da desprezível cobertura de fofocas de celebridades que tanta audiência levam aos portais e tanto emburrecem e entorpecem a sociedade.

Mas lutaremos para fazer o melhor jornalismo digital do Brasil.