O que os paulistanos esperam de Haddad

Atualizado em 6 de janeiro de 2013 às 6:14

São Paulo pode acelerar o processo de transformação do Brasil num país menos socialmente iníquo

Muito trabalho depois do sorriso da vitória

São Paulo venceu.

Nas urnas os paulistanos disseram não ao mundo velho, obsoleto, cínico e inepto representado por Serra e os que gravitaram em torno de sua candidatura a prefeito de São Paulo.

Em escala municipal, a cidade tem que enfrentar tenazmente o grande drama do mundo moderno: a iniquidade social que tem feito com que tão poucos desfrutem das coisas boas que o capitalismo pode trazer.

Falo do capitalismo puro, tal como pregado por Adam Smith, no qual a ganância da plutocracia é neutralizada por um conjunto poderoso de princípios morais que podes ser sintetizados numa frase. “O impulso em admirar, e quase venerar, os ricos e os poderosos, e desprezar ou, ao menos, negligenciar os pobres é a maior e mais universal causa da corrupção de nossos valores”, escreveu Smith.

Com Serra e seu foco nos “ricos e poderosos” de que falou Adam Smith, ou no “1%” da campanha do movimento Ocupe Wall St, São Paulo não teria chance de se modernizar socialmente.

Haddad não é uma certeza, evidentemente. Mas é uma esperança que faz sentido. São Paulo pode ser mais rápido que o Brasil como um todo  — por sua riqueza, por sua pujança, por seu dinamismo — na construção de uma sociedade harmoniosa, nos moldes do que existe na admirável, exemplar Escandinávia.

Se Haddad for competente, São Paulo pode começar a se transformar, sob ele, numa Dinamarca e, por sua força, acelerar a dinamarquização do país.

Os sinais disso serão vistos facilmente no correr dos longos dias, caso Haddad seja um bom prefeito: menos miséria, menos gente nos faróis esmolando, menos favelas deformando a cidade. Mais bicicletas nas ruas, certamente.

É uma caminhada longa. Mas, para lembrar a sabedoria chinesa, toda caminhada começa no primeiro passo. Romper com tudo que Serra significa de atraso já é, em si, um primeiro passo.