O maior nome da literatura em 2012

Atualizado em 28 de dezembro de 2012 às 15:29

Como Psy na música, El James dominou totalmente o ano com 50 Tons de Cinza

James

EL James foi o maior nome da literatura em 2012, uma espécie de Psy das letras.

Como Psy, ela surgiu não pelos meios tradicionais, mas pela internet.

A consagração veio quando ela apareceu no topo da lista dos bestsellers do NY Times, na soma de livros de papel e livros eletrônicos. Em dose tripla. James fez uma trilogia, como Stiegg Larsson.

Uma pequena editora americana a lançou no formato digital. Logo o enorme sucesso a empurraria para o papel. Agora, ela vai também para o cinema: a Universal comprou os direitos. A arrancada foi na base do boca a boca. Não houve campanhas de publicidade.

Qual o segredo?

Comprei no Kindle e li rapidamente 40% — até a contagem de páginas é diferente na internet – do primeiro volume de 50 Tons de Cinza. (Não segui adiante. Meu tempo de leitura é limitado, e tenho que fazer uma seleção severa.)

Mas o que li, aliado a uma pesquisa concentrada, foi suficiente para entender o fenômeno.

James conquistou milhões de mulheres – o grosso de seu público – com um erotismo feminino que parece conversa de comadres. É como se fosse uma conversa sexual de mulheres num banheiro feminino, a salvo de nós, os abomináveis homens.

O sexo é farto e fácil de consumir, como aquele filme do Stallone que você vê consumindo um saco de pipocas. James não é, literariamente, refinada e sutil como Anais Nin, a grande escritora erótica que foi nos anos 1930 parceira sexual e literária de Henry Miller. É bem mais rasa e comercial. Por isso mesmo, seu público é dezenas de vezes maior que o de Anais.

A história, passada em Seattle, gira em torno de um casal dos sonhos, um homem e uma mulher jovens, lindos e ricos – e apaixonados. Ele tem um único problema, que ela vai descobrindo aos poucos: é patologicamente controlador.

A outra coisa nova que ela conhece nele depois do casamento é que ele gosta de sexo sadomasoquista. Fora o sexo, o enredo tem a dose certa de suspense: parece haver algo de errado nos negócios do herói.

O maior triunfo de El James foi ter conseguido que sua trilogia fosse socialmente aceita. Não há embaraço para mulheres de 20 a 60 anos em carregar abertamente 50 Tons de Cinza.

Os especialistas em mercado de livros logo previram uma enxurrada de romances feminismo eróticos. Aconteceu. Mas, assim como não houve um Psy 2, também não houve 50 Tons de Cinza 2.

EL James entrou na história literária – não pelo talento, mas por ser o sinal mais evidente de que o futuro dos livros, gostemos ou não, é digital.