A escandalosa troca de favores entre Temer e as revistas. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 24 de dezembro de 2016 às 11:38

Raras vezes, se é que alguma, o Brasil foi regido como agora por homens tão sem noção de decência pública.

É simplesmente humilhante para a sociedade.

Fomos obrigados a tolerar, primeiro, Eduardo Cunha, com o gangsterismo despudorado com o qual ele armou o golpe contra Dilma na presidência da Câmara.

Logo em seguida veio Temer, o homem das 43 citações na primeira delação da Odebrecht.

E o pior é que continuamos a viver como se isto fosse normal: sermos governados por pessoas claramente em conflito com a lei e os bons costumes.

Pense.

Em que outro país civilizado Temer teria resistido a acusações tão pesadas?

E antes dele, Eduardo Cunha?

Claro que a retribuição vem — com dinheiro público.

Temer aumentou em 900% as verbas publicitárias destinadas às revistas.

Qual a lógica disso, investir num meio em completa decadência? A resposta só pode ser uma: favorecer os amigos. (Especialmente os da IstoÉ, sua favorita, aquela que lhe deu o título de Homem do Ano.)

Retribuir com dinheiro público. É indecente.

Todos lembram. A cada migalha — eram migalhas, nem mais e nem menos — que o governo Dilma investia na mídia digital progresista, era um escândalo.

Em seu republicanismo suicida, a administração das verbas publicitárias foi mais um dos erros que o PT cometeu.

Temer está pagando para ser adulado. O PT pagou para apanhar.

Não é justo.

Mas quem disse que a vida é justa?